CARLOS CHAGAS -
Cercado por Eliseu Padilha, na Casa Civil, Geddel Vieira Lima, na Coordenação Política, Romero Jucá, no Planejamento, e Moreira Franco, num ministério de nome ainda indefinido, conseguirá o presidente Michel Temer romper a barreira da tutela gerada pela confiança e a intimidade pessoal? Porque esses quatro ministros chegarão ao palácio do Planalto com missão específica que vai se misturar com o poder: blindar o novo chefe do governo, senão isolando-o dos demais ministros, ao menos preservando-o do convívio diário com eles.
Seu dever de casa será não permitir que José Serra, Meirelles e outras estrelas de primeira grandeza furem o bloqueio da convivência prolongada.
Desde que não quebrem a maciça barreira que os une internamente, já chamados de quatro grandes do novo governo, ou de o “quarteto fantástico”, ficará difícil aos demais ministros aproximar-se do chefe a ponto de afetar-lhe o relacionamento especial.
UM TIPO DE TUTELA
O passado está pleno desse tipo especial de tutela, mas até agora limitada a um ou no máximo dois personagens. Só para ficar em poucos dos muitos modelos: o general Golbery foi essencial para o presidente Ernesto Geisel, já nem tanto para o presidente João Figueiredo, que o trocou pelo general Otávio Medeiros. Itamar Franco teve em Henrique Hargreaves sua sentinela permanente.
Fernando Collor não quis ninguém, Dilma seguiu seu exemplo e por isso ambos terminaram da mesma forma. Mas de um quarteto fantástico como o já definido, não se tinha notícia. Pode ser que em pouco tempo um ou mais do grupo seja lançado ao mar, mas por enquanto o acordo começa nessa praia.
Padilha, Geddel e Jucá enfrentam problemas singulares, dos quais Moreira Franco escapa, mas todos tomarão cuidado para não abrir a guarda.
Em suma, Michel Temer deverá tomar cuidado. Quem sabe a fórmula dará certo?