Por NEI LUIS MARQUES -
De tempos em tempos somos convocados a nos manifestar sobre fatos e acontecimentos. Discutimos e tomamos posições que sempre esperamos serem acertadas. Agora quando se discute o processo de impeachment da Presidenta Dilma voltamos a perguntar: qual é o lado certo na historia?
A historia esta cheia de exemplos de que os movimentos políticos nem sempre tomam os rumos mais certos. Como primeiro exemplo temos a crucificação de Jesus Cristo pelos Romanos, acusado que foi de se contrapor a autoridade do Imperador Tibério. Naquele julgamento a “maioria” da população saiu às ruas exigindo a “queda”, ou melhor, que o contraventor fosse morto e crucificado. E a vontade do povo foi feita.
Correndo pelos séculos chegamos ao Brasil colônia onde um Alferes, conhecido por Tiradentes, ousou se colocar contra a coroa portuguesa merecendo da Rainha Dona Maria I toda a ira que resultou em seu enforcamento. Aqui também o povo se colocou ao lado da rainha e nada fez para livrar o inconfidente da morte.
Quando 30 de janeiro de 1933 Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha, colocando um fim na democracia alemã, baseado no ideário racista aboliu direitos básicos e recebeu poderes para decretar leis sem precisar submetê-las à votação no parlamento alemão, tudo aprovado, em parte devido à prisão de muitos oponentes comunistas e socialistas antes daquela votação. E a população alemã onde estava? Sempre ao lado do Fuhrer. E o que vimos? O holocausto, uma das paginas mais tristes da historia da humanidade.
Como vimos no decorrer do tempo é possível constatar que nem sempre as decisões, da população ou dos governantes, foram às corretas. É obvio que não estamos fazendo um paralelo entre o divino e o humano, apenas constatando os erros que foram cometidos ao longo da historia da humanidade.
Quando na votação da autorização para abertura do processo de impeachment o Deputado Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu Cunha e invocou o general Ustra, conhecido pelas torturas cometidas durante o regime militar (1964-1985), dizendo “Perderam em 1964, perderam em 2016. Pelo Coronel Ustra, que Dilma tanto teme”.
Creio que ficar ao lado de torturadores não é estar no lado certo da historia, pois respeitar o governo eleito democraticamente é a palavra de ordem. Quem estiver no outro lado dessa fronteira será julgado pela historia como foram Tiberio, Maria I e Hitler.
*Texto enviado por e-mail pelo advogado Nei Luis Marques, morador do município de Mafra, estado de Santa Catarina.
