Via Agência Brasil -
A
presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) e
ex-coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Rosa Cardoso, criticou
nesta terça-feira, 11, pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na
Câmara dos Deputados. Segundo ela, o pleito desvia o foco de lutas mais amplas
pela democracia.
"Dentro
da Câmara especificamente, mais que no Congresso, tem havido uma dedicação a
uma questão ilegítima que é o impeachment. Como não tem fundamentação
pertinente, isso tem desviado lutas por questões mais amplas da
democracia", disse Rosa.
A
presidenta da CEV-Rio informou que dificuldades na governabilidade "têm
perturbado o avanço da luta por Justiça". De acordo com Rosa Cardoso, isso
é visível. "Nessa crise de governabilidade, fica difícil o Executivo se
ocupar da constituição desse órgão de seguimento da Comissão Nacional, que
daria continuidade às pesquisas, às investigações e a uma divulgação mais ampla
desses resultados."
Entre
as 29 recomendações do relatório final da Comissão Nacional da Verdade,
apresentadas em dezembro do ano passado, está a criação de um órgão permanente
para dar seguimento às ações e recomendações da comissão.
A
Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro realizou nesta terça e
quarta-feira, 12, o Seminário Construindo a Verdade: Pesquisas sobre a Ditadura
de 64. As pesquisas são financiadas pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo
à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e servirão de subsídio para o
relatório final da comissão, que deve ser entregue em dezembro deste ano.
Segundo
Rosa, as pesquisas tornam o relatório mais informado e consistente e trazem as
universidades para auxiliar o trabalho da comissão. Para a presidente da
comissão, abordando temas como racismo, homofobia e repressão nas favelas do
Rio de Janeiro as pesquisas tornam o relatório mais abrangente:
"São
permanências do regime autoritário. Embora algumas questões fossem precedentes,
durante a ditadura os preconceitos se tornaram mais visíveis e foram
demonstrados de forma mais violenta", afirmou Rosa. Ele esclareceu que, de
um ponto de vista mais geral, sempre se falou na ditadura como confronto entre
a população ou luta armada de extração estudantil que se opôs ao regime com
armas na mão. "O que os relatórios revelam é que essa oposição, essa
insurgência contra o regime, foi muito mais ampla."



