Por
DAVISON COUTINHO - Via Mídia Informal -
Na Rocinha não se ouviu nem ruído do tal panelaço da
elite. O único barulho de panela por aqui foi da mulher trabalhadora, que
chegou do trabalho e agora prepara o jantar da família. Já nos apartamentos
milionários do bairro nobre e vizinho, São Conrado, as panelas se fizeram
presente.
Morador de
comunidade é acostumado dormir e acordar sem luz, sem água, violência, bala
perdida, e com diversos problemas. E mesmo assim não se ouve
panela batendo dos bairros de elite vizinhos em prol das injustiças que
vivemos.
Ora, há
poucos dias tivemos um ato pelos 2 anos do sumiço do Amarildo e não ouvimos
ninguém bater panela do alto de seus apartamentos luxuosos. Nem mesmo quando
uma criança é vitima de uma bala perdida na favela a elite se pronuncia.
Afinal, é menos um pobre na sociedade.
Se for para
protestar, vamos protestar por todas as injustiças e pela corrupção em todas as
instâncias, partidos e empresas. Quando o ódio contra um partido deixar de ser
a questão principal e a manifestação por mudança no Brasil for a prioridade,
pode contar comigo e com as panelas de todos nós, favelados.
*Davison Coutinho é morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho
industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design, membro da comissão
de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor,
designer e liderança comunitária na Comunidade.



