8.8.15

“É A PETROBRAS” – DIZ MINISTRO DO TRABALHO, MANOEL DIAS, SOBRE ATAQUES AO GOVERNO FEDERAL

Por FÁTIMA LACERDA - Via Agência Petroleira de Notícias -


O Ministro do Trabalho, Manoel Dias, comparou o atual momento político com o período que antecedeu o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e o Golpe de 1964. Ele afirmou que os governos populares de Getúlio Vargas, João Goulart, Lula-Dilma, empenhados em reformas sociais, incomodam muito às elites conservadoras que não hesitam em recorrer ao golpismo. Manoel Dias disse que, como no passado, a principal disputa envolve o petróleo e a Petrobras.

O ministro teceu comentários sobre a conjuntura nacional durante audiência realizada no último dia 5, quando recebeu em seu gabinete, em Brasília, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), o Clube de Engenharia e a Associação de Engenheiros da Petrobrás (Aepet). O encontro foi para buscar canais de diálogo com o governo federal, objetivando a defesa do caráter estatal da empresa e a manutenção dos empregos.

Os representantes das entidades de petroleiros e engenheiros questionaram a venda de ativos lucrativos, como a BR Distribuidora, criticaram o PLS 131, do senador José Serra (PSDB-SP), que retira a Petrobras da condição de operadora única do pré-sal, e enfatizaram a retomada das obras do Comperj e refinarias, para que o país retome o crescimento e evite o desemprego em massa.

Francisco Soriano, da FNP, ressaltou a disposição de todos os petroleiros, da FNP e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), de ir às últimas consequências para defender a Petrobras, contra políticas que fragilizam a empresa, onde se inclui a venda de ativos importantes. A realização de uma greve por tempo indeterminado foi aprovada em Congresso pelas duas federações.

O Ministro Manoel Dias recebeu das mãos de Francisco Soriano a carta assinada pelas três entidades, contendo as principais reivindicações dos trabalhadores. Manoel Dias declarou compartilhar das mesmas preocupações e comprometeu-se a ser porta-voz das propostas contidas no documento, junto à presidenta Dilma Rousseff. A conversa, presenciada por vários assessores, durou cerca de uma hora e quarenta minutos.

Apesar do clima cordial, houve embate de opiniões em alguns momentos. O ministro disse que tem dialogado frequentemente com o presidente da Petrobras e que Aldemir Bendine não cogitaria em vender os ativos que vêm sendo citados pela imprensa: “Isso não está em discussão. A maioria das notícias divulgadas na mídia é pura especulação” – afirmou.

Nesse ponto, foi contestado pelo representante da Aepet, Fernando Siqueira, que apresentou relatórios internos sobre o plano de vendas de ativos para 2015-2016. “Nem tudo o que a imprensa diz é especulação, insistiu Siqueira. Se é, precisa ser desmentido[AN1] ”.

Já o ministro manteve o ponto de vista inicial. Disse que a presidente Dilma Rousseff assim como ele próprio, originários do PDT, são herdeiros do nacionalismo de Leonel Brizola e que é preciso confiar na firmeza da presidente: “Existem informações que são confidenciais. A presidente vai defender a Petrobras até o fim. Se a Petrobras perde, o seu governo também perde”.

O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, ex-funcionário da Petrobras e atualmente empresário do setor petróleo, lamentou a recessão: “A Petrobras já representou mais de 60% do nosso faturamento e hoje não representa nem 5%. A pior coisa é ter que demitir bons funcionários e estou sendo obrigado a fazer isso. Os prejuízos são decorrentes da paralisação das obras que a empresa vinha tocando”.

Siqueira acrescentou que a substituição de empreiteiras nacionais por estrangeiras afeta os trabalhadores brasileiros. “Existe um cartel internacional de empregos” – citou.

No entanto, o ministro insistiu que as principais obras da Petrobras, incluindo Comperj e refinarias, serão concluídas, embora o ritmo tenha diminuído. Manoel Dias fez críticas severas à grande mídia que desinforma, transmitindo notícias à população “incorretas e com parcialidade”. O Ministério do Trabalho reconhece uma redução de 4 mil empregos entre os terceirizados, no setor petróleo, no ano em curso.

Para Manuel Dias, o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, está afrontando a Constituição brasileira, ao considerar o impeachment da presidente. Também criticou a Operação Lava Jato:

“A hora é gravíssima. Por que a Operação Lava Jato faz uma investigação seletiva? A maior parte dos políticos citados em delação premiada é do PP, mas nenhum deles está preso. É preciso resistir e defender a Petrobras”.

Manoel Dias prometeu empenho no sentido de atuar junto a Bendini para que receba os representantes da Aepet e da FNP. Até agora, as portas têm se mantido fechadas.

O ministro iniciou sua carreira política como líder estudantil, em Santa Catarina. Elegeu-se vereador (64), depois deputado estadual (67), sendo duas vezes cassado. Foi preso e exilado por dez anos. Retornou ao Brasil ao lado de Leonel Brizola, ajudando a organizar o PDT, onde conheceu a presidente Dilma Rousseff, também fundadora do PDT. Tomou posse na pasta do Trabalho em 16 de março de 2013.

*Fatima Lacerda é jornalista da Agência Petroleira de Notícias (APN).
Foto: Renato Alves/Ministério do Trabalho e Emprego.