HELIO FERNANDES - Via blog do autor -
Até agora ninguém foi indiciado, acusado, ameaçado de se transformar em
réu. São 47 políticos, (fora os que serão investigados, não pelo Supremo),
quase todos altamente vulneráveis. Mas apenas 19 deles são poderosos, pelos
cargos que ocuparam ou ocupam.
Nenhuma dúvida de que participaram de tudo. Só que com quase certeza,
eram e continuam coadjuvantes. Receberam muitas, variadas ou altas propinas?
A investigação vai provar que sim. Mas de todos esses 19, apenas 2
ameaçam, e com gravidade o funcionamento das Instituições, ameaçam a democracia.
São o presidente do Senado e da Câmara, que já se colocaram em posição
de combate a tudo que possa atingi-los. Hoje, aqui, agora são os personagens
preponderantes, tratarei deles. Como tudo isso levará muito tempo, talvez anos
(igual no mensalão), examinarei exclusivamente os dois, simultaneamente
ameaçados e ameaçadores. Não estou abandonando os outros investigados, apenas
haverá muito tempo para investiga-los, jornalisticamente.
Colocação, elucidativa, conclusiva definitiva: os 47 investigados vieram
a público com declarações rigorosamente vazias e repetidas: “Repudio com
veemência essas insinuações. Não conheço nenhum diretor ou ex-diretor da
Petrobras, não sei por que citaram meu nome, a verdade será restabelecida”.
O Presidente do Senado e o da Câmara, foram os únicos que não usaram o
chavão, fizeram questão de partir para o ataque, “revoltados” com a colocação
dos seus nomes na lista.
Renan Calheiros
Acusou abertamente o governo na pessoa da presidente. Desferiu golpes
contra o Ministro da Justiça textualmente: “Ele foi o responsável por colocar o
meu nome na lista”. Continuou: “Meu direito de defesa foi cerceado, não fui
ouvido para coisa alguma”. Bobagem colossal e inqualificável de um ex-ministro
da Justiça, de (FHC). Não está sendo indiciado, acusado, não é réu de coisa
alguma, como pode ter “o direito de defesa cerceado?”.
A partir desta semana, com o começo das investigações, com o provável e
possível sigilo telefônico. Fiscal e bancário, todos serão ouvidos, poderão contestar
o que quiserem. Pretender ser ouvido antes do Procurador Geral compor a lista
que enviou ao Ministro Teori Zavaski, arrogância, petulância, imprudência. É
oportunidade á parcialidade e protecionismo. Está acostumado a isso.
Insistindo na imprudência, na incompetência e inconsequência, afirmou
publicamente: ”Esse procurador Geral não pode continuar no cargo”. O que não
ficou claro para a opinião pública, explique-se. O Procurador Geral tem mandato
de 2 anos, que termina em junho.
Pode ser renovado por mais dois, decisão do presidente da República, que
têm que submetê-lo a sabatina no senado. Por isso a baixaria de Renan, deixando
claro que indicado. Renan conversou com Eduardo Cunha, que em declaração,
afirmou: “Temos que nos livrar desse Procurador”.
O presidente do senado continuou: “Nenhum Projeto ou Medida Provisória
do executivo será examinado, votado ou aprovado no Legislativo, é nossa
obrigação e propriedade". (Joga também com os altíssimos mas não
surpreendente impopularidade de Dilma e sua incapacidade ou indecisão
praticamente não o cargo).
O país vive terrível crise econômica, financeira, política,
administrativa, dólar sem controle, inflação disparada, juros sem limite,
dívida pública crescendo pejorativamente, a divisão das autoridades governistas
a favor ou contra a d-e-s-o-n-e-r-a-ç-ã-o. A presidente diz que é indispensável
que continuará, o Ministro da Fazenda afirma: “é uma brincadeira'', e reforçou,
“grosseira”.
Tudo isso faz parte do momento do país. Renan vai explorar tudo para não
passar de investigado a acusado, tornando réu em ação penal. E logicamente
condenado. Renan lembra de 2007, quando entregou a presidência para não perder
o mandato. Alem de outros episódios.
Ninguém conhece Renan tão bem quanto ele mesmo, daí o seu medo, não
interessa o que aconteça ás instituições, e que o passado desabe sobre o
futuro, destruindo seu presente. A “revolta“, não interessa ás
Instituições.
Para Renan tudo é dominado pelo interesse pessoal, e para isso tem que
estar no poder. Nenhuma convicção política, desapreço total pela ética,
moralidade, dignidade. Agora isso será ameaçado, percebeu desde o inicio.
Eduardo Cunha
Com um passado tenebroso, acintoso em termos de comunidade, perigoso,
chegou surpreendentemente a presidente da Câmara, antigamente ocupada por
deputados importantes. Para ele, relevante á sua posição tem como ocupação
profissional o lobby, e distração o hobby de processar jornalistas. Já moveu
mais de 100 ações não ganhou nenhuma. Nos tempos da Tribuna de papel, 3
processos contra este repórter. 3 derrotas.
Nenhum juiz verdadeiramente magistrado daria ganho de causa a um eduardo
cunha tão subalterno, cujo nome só dava e pode ser escrito em minúsculo. Mas
ele se julga sempre em posição altíssima e altaneira.
Desde que chegou á presidente, subverteu tudo, mostrou qual seria a
prioridade de sua atividade. Encantado com a presidência da Câmara e o palácio
residencial da realidade, ficou empolgado com um objetivo inimaginável: por
circunstancia politicas consequência de impopularidade de Dona Dilma,
acreditava na sua elevação hierárquica numa sucessão circunstancial. Ganharia
moradia, não mais residência pessoal e sim palaciana do poder.
Isso é chamado por ele e mais alguns de impeachment. Dona Dilma a cada
dia mais impopular e derrotadíssima pela dupla sertaneja Renan e Cunha, teve
uma vitoria inesperada e que ela mesma ainda não avaliou ou percebeu: não há
mais clima para impeachment, político-jurídico-vingativo.
Como teria que começar obrigatoriamente pela Câmara, quem tentará isso?
Eduardo Cunha também atacou o Procurador Geral. Disse
irresponsavelmente: “Quem manda na Câmara sou eu, continuarei fazendo
indicações para os mais variados cargos, nem quero saber se estou sendo
investigado”.
Como fala muito e não tem conhecimento, ontem irritou todos os 47 que
estão sendo investigados: “O Procurador Geral juntou todos na mesma lama, não
faço parte dessa lama”.
Recebeu parabéns apenas de Renan Calheiros, este sabe que em relação a
ele, a citação bíblica pode ser adaptada, ficaria: “És lama e á lama
retornarás”. No caso de Renan (e do próprio Cunha) a palavra “retornará”,
impropriedade visível e deslocada.
Para terminar por hoje, por hoje a afirmação dele, que representa mais
impropriedade e utilização indevida de órgãos ou funcionários públicos: “vou me
defender representado pelo Departamento Jurídico da Câmara”.
Isso é absurdo. Ele não está sendo investigado e possivelmente mais
tarde incriminado, por ser presidente da Câmara e sim pela atuação como
corrupto. Apenas investigado mas que terá o destino que procurou. Terá que se
defender com advogado particular, contratado pessoalmente.
A inquietação, a angústia a ansiedade que tiveram uma resposta na
sexta-feira a partir de 9 da noite, se prolongou, no sábado, domingo e agora
não será interrompida. Tudo é incógnita, indefinido, precisa ser provado, mas
para muitos personagens se transformará num temor longo, exaustivo, e que
provavelmente não será recompensado por uma possível absolvição ou arquivamento.
PS- Não posso deixar de tratar imediatamente de dois cidadãos, abaixo de
qualquer suspeita, mas importantíssimos pelo poder que já representaram,
ostensivamente ou de bastidores; Romero Jucá e Antonio Palocci.
PS2- Jucá teve uma investigação arquivada, mas a outra confirmada. Devia
ser investigado nas duas e em outras. Nos bastidores manda tanto ou mais do que
Renan Ministro da Previdência, deixou de ser citado em inúmeras
irregularidades. Foi líder no Senado, de FHC, Lula e Dilma, uma fantástica demonstração
de falta de convicções.
PS3- Antonio Palocci é o próprio “Macunaíma, o herói sem nenhum
caráter”. E sem respeitabilidade. Prefeito do interior de São Paulo, as
acusações se acumulavam. Quando Lula nomeou-o Ministro da Fazenda, quem o
conhecia não acreditava.
PS4- O presidente dizia e repetia: “Espero que o Palocci me dê sinal
verde para baixar os juros”. Inesperadamente foi demitido sem nenhuma
injustiça. Coordenador da campanha da reeleição de Dona Dilma, ei-lo Chefe da
Casa Civil. Demorou pouquíssimo foi demitido sumariamente. O enriquecimento
ilícito estava acima do permitido pelo seu grupo.