Por ALTAMIRO BORGES - Via blog do Miro -
Neste
domingo (8), alguns bairros nobres da capital paulista promoveram panelaços e
vaias contra Dilma Rousseff durante seu pronunciamento em rede nacional de
rádio e tevê. Talvez os moradores “chiques” destas áreas não estejam
incomodados com a grave crise de falta de água, com as panes e superlotações
dos trens do Metrô e com a escalada de violência no Estado mais rico do país.
Eles também nem devem estar cientes da epidemia de dengue que se alastra por
São Paulo. Afinal, a chamada classe média – ou “mérdia” – prefere confiar no
noticiário da mídia tucana, regada por generosos anúncios publicitários do
governador Geraldo Alckmin. Mas é bom ela ficar esperta. A dengue também pode
atingi-la!
Na
sexta-feira (6), uma mulher de 84 anos, moradora da periférica da Freguesia do
Ó, foi registrada como a primeira vítima fatal da dengue na capital paulista.
De 1º de janeiro a 4 de março foram confirmadas 2.708 ocorrências da doença na
capital, frente a 1.440 casos no mesmo período do ano passado – avanço
vertiginoso de 88%. De acordo com o Ministério da Saúde, os moradores das
regiões mais pobres são os mais prejudicados pela falta de agentes do governo
estadual de combate ao mosquito Aedes aegypti. Em todo o Estado de São Paulo,
os casos de infecções e de mortes se multiplicam. Entre janeiro e fevereiro
deste ano, a própria secretária estadual da Saúde registrou 38.714 casos de
dengue.
O “mapa
da dengue”, elaborado pelo hermético e autoritário governo do PSDB, indica que
20 dos 645 municípios paulistas concentram cerca de 60% dos casos registrados
da doença no primeiro bimestre do ano. Em 2014, houve 87 óbitos por dengue
(cinco no primeiro bimestre) e 193,6 mil casos registrados em todo o Estado. O
Ministério da Saúde prevê que o pico das ocorrências deve acontecer em maio
devido às condições do clima. Apesar do risco, o governador Geraldo Alckmin, o
“picolé de chuchu” eternamente blindado pela mídia, finge que está tudo em paz
e que não há maiores riscos à população – inclusive para os “coxinhas” dos
bairros “chiques” dos centros urbanos de São Paulo.
Editorial
da própria Folha tucana, publicado na sexta-feira (6), alerta que “a dengue é
uma moléstia viral de causar calafrios em epidemiologistas: não existe vacina
nem terapia específica contra ela; tratam-se apenas seus sintomas, como febre
alta e dores no corpo; a prevenção exige que a população colabore de maneira
disciplinada no combate ao mosquito transmissor, Aedes aegypti”. O texto até
tenta blindar Geraldo Alckmin, ao afirmar que o problema é nacional, mas
alerta: “O país vive novo surto da enfermidade... [Mas] em São Paulo, a
progressão foi mais alarmante: eram 5.185 casos nas seis primeiras semanas de
2014, são 51.849 neste ano. Um avanço de 900%”.
O próprio
jornalão tucano é forçado a reconhecer que “a incidência da doença em
território paulista (117,7 casos por 100 mil habitantes) tornou-se a terceira
maior do Brasil (atrás de Acre e Goiás). Há casos extremos no Estado, como a
pequena Trabiju (1.650 moradores), onde um em cada 15 moradores foi
contaminado”. A Folha alerta que “é fundamental intensificar as campanhas de
esclarecimento e treinar mais equipes para realizar visitas de porta em porta”.
Ela também joga a culpa nos cidadãos. “As medidas só terão efeito se cada um
cuidar do próprio quintal”. Mas alivia totalmente a barra do governador Geraldo
Alckmin, pré-candidato à eleição presidencial de 2018.
E muitos
paulistas, como otários envenenados pela mídia, ainda preferem vaiar a
presidenta Dilma Rousseff.