CARLOS CHAGAS -
A força da afirmação geralmente é
maior do que a força da negação. Se alguém acusa determinado cidadão de
ladrão ou assassino, por mais que ele negue será maior a impressão de
tratar-se de alguém culpado e condenado. A dúvida, prejudicando a imagem
do infeliz, permanecerá contra ele. É assim que as coisas funcionam,
com raras exceções.
Afirma-se que os escândalos na Petrobras emergiram no
governo Lula, estendendo-se até o governo Dilma. Pode até ser que a
roubalheira na estatal se tenha multiplicado a partir da subida do PT ao
poder, mas alguém negará que vem de antes? Fica, no entanto, a versão
afirmativa.
Vale o mesmo para a campanha que há tempos denuncia a
fragilidade dos políticos e os compara a marginais. Claro que tem
muitos vigaristas na atividade, gente que precisaria estar na cadeia,
mas será justo generalizar serem todos bandidos? Tem políticos honestos e
competentes, no Congresso e fora dele, ainda que diminuindo de número,
de ano para ano.
Da mesma forma como na administração pública. Existem
ministros que jamais mereceriam ter sido nomeados, pessoas sem a menor
capacidade de exercer suas funções, escolhidos por fatores corporativos,
fisiológicos ou desimportantes. Mas pode-se verificar no ministério e
nos escalões subsequentes quem justifique seus vencimentos e seu
trabalho.
Seria bom que depois do Carnaval a poeira começasse a
assentar e o bom senso prevalecesse, independente de partidos, grupos e
até quadrilhas que evoluem em torno do governo. Porque, caso contrário,
caminharemos para o precipício, ou seja, a negação de todos os valores
que deveriam pautar a vida em sociedade. Um pouco de otimismo não faz
falta a ninguém, sejam os donos do poder companheiros, tucanos,
socialistas ou conservadores. Ruim com eles, pior sem eles.
DEPOIS DO PAPA E DA RAINHA
Indaga-se o porque desse périplo singular do
presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, pela
Europa. Em Madri, foi recebido pelo primeiro-ministro. Em Roma, pelo
Papa Francisco. Em Londres, tem audiência marcada com a Raínha
Elizabeth.