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O encontro entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e os
advogados das empresas investigadas no esquema de corrupção da Petrobras
foi mediado pelo atual secretário nacional de Reforma do Judiciário,
Flávio Caetano, que trabalhou no ano passado como coordenador jurídico
da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). A informação foi
divulgada neste sábado pela revista Veja.
Segundo a revista, Caetano ligou para um dos advogados da UTC,
Sebastião Tojal, afirmando que o ministro Cardozo estaria disposto a
recebê-lo no Ministério da Justiça. A reunião entre advogados da Lava
Jato e o ministro não estava na agenda oficial da pasta.
Flávio Caetano foi coordenador jurídico da campanha da presidente
Dilma, coordenando uma equipe de 15 advogados, entre eles estavam nomes
como estão nomes como o criminalista Pierpaolo Cruz Bottini,
professor-doutor do Departamento de Direito Penal, Criminologia e
Medicina Forense da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP), que conseguiu absolver o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP)
no julgamento do mensalão, e Arnaldo Versiani, ex-ministro do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
No último dia 19, Cardozo confirmou, por meio de nota, que teve encontro com advogados de empresas envolvidas na Operação Lava Jato. O ministro,
no entanto, sustentou ser “dever do ministro da Justiça e de quaisquer
servidores públicos receber advogados no regular exercício da profissão
conforme determina o Estatuto da Advocacia”.
A confirmação veio depois que o jornal Folha de S.Paulo
noticiou que Cardozo recebeu no ministério advogados da UTC e da Camargo
Corrêa, que buscavam ajuda do governo para soltar 11 executivos presos
desde novembro.
Na quinta-feira última (26), Cardozo disse que estava disposto a prestar esclarecimentos à Comissão de Ética Pública da Presidência da República
sobre os encontros dele com advogados que defendem empresas envolvidas
na Lava Jato. Ele reforçou ainda que “constantemente parlamentares da
oposição questionam ministros na Comissão de Ética”, e que eles sempre
respondem quando questionados.
“O que eu posso dizer é que o comportamento que eu tive foi
absolutamente legal, ético e, portanto, não tenho nada a esconder. A
Comissão de Ética apreciará nossas razões e, com a necessária
independência, avaliará o caso que não passou de uma grande
especulação”, afirmou Cardozo na quinta-feira.