17.2.15

À MERCÊ DE TRÁGICA OPÇÃO

CARLOS CHAGAS -


As coisas são como parecem, da mesma forma como devagar não se vai ao longe. O governo Dilma é lamentável, nada tendo feito para interromper a corrupção, mas, ao contrário, estimulando o lucro e as benesses  das elites, favorecendo a especulação financeira e  penalizando as massas e a classe média pelo aumento de impostos, preços, e a supressão de direitos trabalhistas. Merece, esse governo, o repúdio da população, mesmo com parte dela iludida pela política assistencialista de distribuir esmolas e negar direitos.

Ainda  assim, torna-se necessário desbastar o cipoal de ilusões  a partir da confusão criada pelos que combatem o governo pretendendo utilizar suas omissões em favor de mais privilégios para os mesmos de sempre. Quando denunciam os escândalos na Petrobras não é para ver punidos os corruptos, mas para desmontar  a empresa símbolo da soberania nacional. Trabalham, na realidade, para privatizá-la por inteiro, entregando seu patrimônio e seu potencial às multinacionais. Da mesma forma, denigrem o poder público já  esfacelado pelas falcatruas do PT e congêneres,  não para recuperá-lo, senão precisamente  para o contrário: colocá-lo a serviço dos interesses do poder econômico internacional. Para  isso, é preciso confundir as  lambanças dos que detém os controles da nação com a própria nação. Na hipótese da implosão desse  governo incompetente, objetivam substituí-lo por outro ainda mais  subserviente às suas imposições, dentro do  modelo que vai tomando conta do planeta: submissão, redução de benefícios sociais, desemprego e sacrifícios para as massas e a classe média, com a prevalência das leis do  chamado   mercado, simples clubinho dos poderosos empenhados em explorar, escravizar e  dominar a maioria.  É precisamente a tais vigaristas que  vem servindo a presente campanha de desmoralização das instituições, mais do que desse governo inepto e  corrupto. Não se trata de defendê-lo, mas de esclarecer o que as elites pretendem ao denegri-lo.

O passado é o nosso maior tesouro, não porque nos dirá o que fazer, mas exatamente pelo contrário: o passado nos dirá o que devemos evitar. Tentaram quando investiram contra Getúlio Vargas, fracassando diante da trágica e heroica solução dada por ele. Conseguiram dez anos depois, depondo João Goulart.  Em seguida, por ironia, encontraram resistência na própria ditadura que criaram e mais tarde derrubaram.  Obtiveram  sucesso  com  Fernando Henrique Cardoso, assustaram-se com  o Lula, sem  motivo. O metalúrgico cedeu acomodou-se e trocou as esperanças pelo assistencialismo, quer dizer, o direito pelas esmolas.  Sua sucessora seguiu na mesma linha,  só  que escancarando o governo à  corrupção.  Foi  quando  os invisíveis vislumbraram a chance de subir mais um degrau: enfraquecê-la, quem sabe derrubá-la, para aumentar o poder do mercado e de seus interesses.

Assim estamos, à mercê de trágica opção: engrossar as fileiras do impeachment, sabendo que sua conseqüência será um mergulho mais fundo ainda no precipício onde jogaram a soberania nacional, ou acreditar no inacreditável,  que seria a adesão  de Dilma Rousseff à causa da recuperação dos valores sociais, econômicos e políticos a que temos direito. Melhor aproveitar o resto do Carnaval, de olho em mais maldades de Joaquim Levy…