Via Correio do Brasil -
Dilma Rousseff recebeu Leonardo Boff e Frei Betto e diz que
prefere “ouvir críticas, do que apenas escutar as coisas boas”. Foi
entregue à presidente uma carta com 16 demandas a serem analisadas em
seu segundo mandato.
O frade dominicano e escritor Frei Betto, o teólogo e intelectual Leonardo
Boff e quatro integrantes do grupo Emaús se reuniram nesta quarta-feira
com a presidenta Dilma Rousseff e entregaram a ela uma carta com 16
demandas a serem analisadas em seu segundo mandato. Na avaliação deles,
após a vitória de Dilma nas eleições, nas quais havia um “risco” de que o
“projeto popular do PT” não continuasse à frente do país, é necessário
maior diálogo com a sociedade.
Após o encontro, Leonardo Boff afirmou que a própria presidenta
reconheceu a falta de contato com as bases. “(Dilma) se ocupava muito
com a administração dos grandes projetos. Ela disse que a partir de
agora será um ponto alto do seu governo um diálogo permanente, orgânico,
contínuo, com os movimentos sociais, e com a sociedade em geral”,
afirmou.
O documento, intitulado O Brasil que Queremos, contém reivindicações
que passam por temas políticos, econômicos, sociais e ambientais.
Segundo o intelectual, Dilma tomou nota das sugestões levantadas na
conversa e disse que quer discutir com mais detalhes questões como a
centralidade da ecologia. De acordo com Leonardo Boff, a presidenta
disse: “Eu prefiro escutar críticas, do que apenas escutar as coisas
boas que eu faço. Porque aí eu aprendo”.
Segundo Boff, a presidenta quer se encontrar
mais sistematicamente com o grupo, e pretende também receber lideranças
de movimentos sociais na próxima semana. Ela se comprometeu a “estudar o
documento”, já que nem todos os pontos foram discutidos detalhadamente
durante a reunião, que contou com a presença do ministro-chefe da Casa
Civil, Aloizio Mercadante.
A carta, assinada por 34 pessoas do Emaús, pede um modelo econômico
mais social e popular, a auditoria da dívida pública, proteção do meio
ambiente, utilização cada vez maior de energias renováveis, defesa do
direito dos povos indígenas e quilombolas. Solicita também a restrição
de transgênicos e agrotóxicos, democratização dos meios de comunicação,
universalização dos direitos humanos, instituição de nova política de
segurança pública, valorização dos trabalhadores, o controle social da
gestão pública e a ética na política, além das reformas política,
urbana, agrária e tributária.