HELIO FERNANDES –
Apesar da “enxurrada” de aplausos para a população que está
100 por cento apoiando a seleção, isso não passa de fraude e farsa. Esta Copa
“em casa” deveria representar o “circo” para o povo, já que o “pão”, foi
preservado da classe média para cima.
Primeiro os ingressos, Nossa Senhora, que preços. Qual o
trabalhador que pode assistir nos estádios, um jogo, apenas um? Mesmo que se
satisfizesse em ir uma vez a um estádio construído com o dinheiro roubado do
seu esforço, já teria gasto metade do salário.
Assassinaram o
Maracanã
Era um símbolo, uma tradição, lenda e legenda do futebol no
mundo inteiro. Os jogadores dos maiores clubes de variados países diziam: “Meu
sonho é jogar no Maracanã”. Frequentei esse estádio, ininterruptamente durante
50 anos, de 1950 a 2000.
Era o maior e mais imponente estádio do mundo. (Sem falar na
roubalheira do prefeito Mendes de Moraes. Para “variar” era coronel do
Exército). Apesar dessa palavra que usei, imponente, era altamente popular. O
carinho do povo era de tal ordem, que os frequentadores das arquibancadas eram
chamados de “arquibaldos”.
Os das gerais, “geraldinos”. Hoje não existe mais nada, é
tudo propriedade e localização da elite e uma parte da classe média alta, bem
alta.
Mais de 1 bilhão para
deformar o Maracanã
Tão alto quanto os gastos para destruir e reconstruir o
estádio que era a paixão nacional. No auge do poderio e da importância do
Santos de Pelé, eles preferiam jogar no Maracanã e não na Vila Belmiro.
E o Millôr e o Ziraldo, (que gostava e gosta) do futebol mas
não são assíduos, iam comigo a todos esses jogos.
A Copa começa amanhã
O Brasil entrará no estádio de 800 milhões do Corinthians,
abrindo a Copa. Esse estádio do Corinthians custou, por enquanto, esses 800
milhões. 400 do BNDES para pagar “em 500 anos”. E outros 400 milhões dados pelo
prefeito do PT, como “incentivo”. Isso não é para pagar, “incentivo é para incentivar”.
Amanhã esse estádio ficará lotado, todos os seus 68 mil
lugares ocupados. Os ricos de São Paulo, naturalmente mais ricos do que os do
Brasil inteiro. Farão uma festa, junto com a classe média de lá, deliciosamente
desperdiçadora.
Todos de carro com motorista, saltarão na porta do estádio,
serão “recambiados” no mesmo lugar, depois do jogo. Os raros populares irão a
pé, Itaquera não tem metrô, Lula já deu a palavra final.
Lula: “O povão não
gosta de metrô”
O povão não quer saber de metrô, se acostumou a andar a pé.
Ele vai de carro com Dona Dilma, um para dividir as vaias com o outro. E até de
coisa pior, dependendo do placar e lógico, do que estiver escrito e inscrito
nele.
Paulo Roberto Costa
na CPI: desperdício de tempo
Horas e horas perdidas, não disse nada que os outros não
tivessem dito. Repetiu: “Na época parecia um bom negócio”, ninguém aprofundou a
questão.
A generosa liberdade
Surpreendente mesmo foi o fato de estar gozando da
libertação Zavascki. Se fosse depor preso, seria um fato inteiramente
diferente. O ex-diretor e os interrogadores não estariam tão tranquilos.
“É a economia,
estúpido”
Precisou um sociólogo dar o alerta para que todos
percebessem que o mundo (e o Brasil logicamente) é regido e dominado pela
economia. A frase é genial, e o melhor elogio que posso fazer: gostaria que a
frase fosse minha.
Mas sempre tratei do assunto, muitos anos na Tribuna da
Imprensa. Cheguei a escrever sobre a maldição dos economistas oficiais: “São
tão prejudiciais, que 80 por cento deles deveriam ser condenados à prisão
perpétua e quando terminassem a pena, fuzilados”.
Como se vê preservei sempre, pelo menos 20 por cento desses
que “apoiam” todos os governos nos mais diversos países.
Lula “doutrina” sobre
economia
Desesperançado com o “Volta, Lula”, que ele e seus acólitos,
que palavra, consideram completamente inutilizado, aconselha sobre economia. E
critica duramente a própria Dilma, diz publicamente: “A economia dos quase 4
anos de Dilma, foi completamente descontrolada e a responsável por tudo o que
vem acontecendo de errado”.
Marcelo Alencar,
prefeito e governador, incrivelmente contraditório
Poderia ter ido embora, com imagem muito melhor, não fossem
os filhos vorazes. Excelente prefeito, foi o primeiro a abrir ciclovias no Rio.
Foi também prejudicado pelo irmão Maurício, empreiteiro, negocista. Comprou o
“Correio da Manhã”, fiz campanha diária, sempre com o título: “Pra quê
empreiteiro quer jornal?”. Depois, comprou a “Última Hora”.
Marcelo advogado de
presos políticos
Defendeu alguns, era competente e desinteressado. Em 1966,
quando eu era candidato a deputado e diante das estimativas das pesquisas de
que teria mais de 1 milhão de votos, lancei minha candidatura a governador em
1970 e a presidente em 1975, fui cassado. Marcelo era candidato a suplente de
senador.
Nesse mesmo 1966, nossa chapa elegeu Mario Martins senador e
Marcelo suplente. Mas logo veio o AI-5 terrível, Mario foi cassado. Esqueceram
de Marcelo. Quando ia tomar posse, lembraram, foi cassado. Era ótimo convívio.
O AVC e a cadeira de
rodas
A primeira linha de metrô foi aberta por ele, governador,
ganhando de Garotinho em 1994. Como não havia reeleição, Garotinho se elegeu em
1998. (Não quis se reeleger, foi candidato a presidente, teve 15 milhões de
votos. Pelo PSB, hoje propriedade de Eduardo Campos, que não passa de 7
pontos).
Não via Marcelo há muito. Há algum tempo, numa noite de
autógrafos na Argumento, ele de cadeira de rodas, ficamos conversando muito
tempo. Dois filhos meus haviam ido embora, se desculpou: “Não pude ir ao
velório, só estou saindo agora”.
Numa análise geral, Marcelo foi personagem importante e
positivo. Não merecia o AVC e a cadeira de rodas. Tudo é imprevisível, para o
bem e para o mal.
PS – Depois de
quase 2 anos dirigindo (?) a seleção, Felipão percebeu que os “laterais estão
sem cobertura”. Foi o técnico da Croácia, que examinando vídeos da seleção
brasileira, constatou o fato.
PS2 –
Ingenuamente divulgou a descoberta. Felipão ficou assustado, culpou os jogadores,
“vocês deviam ter verificado o fato e me comunicado”.
PS3
– Felipão é inconsistente, incongruente, incoerente. Semana passada para os
jogadores: “Não precisam tirar o pé, isto é treino mas é preparação para o
jogo”. Quando Neymar, Marcelo e Hulk se machucaram, reprimiu: “Não precisava
exagerar”.
PS4 – Os jornalistas
são totalmente subservientes ao treinador. Elogios diários, nem a menor
restrição. Um comentarista tido e havido como de primeiro time, escreveu e
falou na televisão: “Felipão é mais popular do que os jogadores”.
PS5 – Lógico,
está na estrada há mais de 20 anos, os jogadores começam agora. Vexame de outro
jornalista também considerado destacado: “Qualquer candidato a presidente da
República, gostaria de ter o Felipão na sua chapa, como vice”. Inacreditável.
PS6 – Atendendo a
pedidos para citar o Millôr, o que ele escreveu sobre a seleção de 2006: “É
perfeita. Não bebe, não fuma e não joga”. O resultado confirmou a análise.