Via A PETROBRAS É DO BRASIL -
Uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) da Petrobras Distribuidora realmente interessa à sociedade e ao empregados?
No dia 05/06, o representante dos empregados no Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora, Bruno Paiva, declarou ser contra a venda do controle da empresa pela Petrobras. Ele propõe como alternativa a realização de uma oferta publica de ações, ou seja, um IPO.
Esta declaração soou aos ouvidos dos amedrontados funcionários da empresa como um alento. Eles já estavam se acostumando ao terrorismo diário da imprensa, que alardeava a venda do controle como algo inevitável diante do desastre da administração anterior.
Para um observador externo pode parecer surpreendente que a mesma imprensa, que após a queda da presidenta eleita fazia uma campanha pela privatização, inclusive enaltecendo os Sr. Pedro Parente, venha mudando de opinião de algum tempo pra cá.
A imprensa nada mais é do que a porta voz do “mercado”, isto é, dos grandes conglomerados financeiros nacionais e internacionais. Assim, parece estranho ela fazer uma matéria com o representante dos empregados no CA da BR falando em IPO, ocupando uma página inteira de um dos jornais mais influentes do país, ao mesmo tempo em que ocorria reunião entre o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, com investidores, na qual o IPO também foi mencionado como uma possibilidade.
Na tentativa de compreender esta realidade em constante mudança devemos nos perguntar: Qual o motivo do IPO? Quem está apoiando esta "solução"? Um IPO resolveria as questões dos trabalhadores da BR e da sociedade?
Passando a primeira questão, os últimos acontecimentos na política apontam para um profundo desgaste do atual governo. Qualquer ação que se venha a tomar passa sempre por um desgaste midiático e político.
A ampla base parlamentar começa agora a ruir e nesta conjuntura colocar a BR à venda seria um ato de temeridade e de muitos questionamentos. Além disso as medidas do TCU tornaram estes processos um pouco mais lentos.
A partir daí podemos passar a questão de quem são os apoiadores. O capital financeiro, o “mercado” é ansioso e sempre quer ganhos rápidos. Diante desta trama complexa a saída não é simplesmente vender. Assim, a melhor saída no momento para obter ganhos com a BR seria o IPO.
O conselheiro na entrevista apontou uma série de medidas para a proteção do acionista minoritário, porém de pouca relevância para os trabalhadores e a sociedade.
Sem sombra de dúvida, nesta proposta o emprego dos trabalhadores estaria preservado por algum tempo. Entretanto, a entrada de um sócio privado pode ser conveniente para ser um prenúncio da privatização. A modificação das práticas gerenciais e de RH sobre os trabalhadores e o acesso às informações internas poderiam ser uma forma de iniciar um ajuste para promover a privatização quando o momento político for mais propício.
Restam três questões a se definir:
Primeiro, esta combinação entre mídia, Ivan Monteiro e o Conselheiro Bruno foi combinada com o Parente?
Segundo, afinal quem é o dono da voz e a voz do dono?
Por fim, a terceira remete aos funcionários, que há um ano fizeram uma greve de cinco dias insurgindo contra o cinismo do discurso do “controle compartilhado”, e agora por que aceitam uma proposta amesquinhada, defendida justamente por aqueles que querem destruir o patrimônio público?
Não aceite migalhas e não caia no discurso do "menos pior"... Lute pelo que você realmente acredita ser a coisa certa.