11.2.14

GRUPO BANDEIRANTES QUER “TIRAR O SEU DA RETA”. MIDIATIVISTAS USAM CAPACETE, COLETE A PROVA DE BALAS E MÁSCARA DE GÁS MILITAR. FÁBRICA DE MENTIRAS. O ESTADO AINDA DEVE MUITAS RESPOSTAS!

DANIEL MAZOLA –

Temos vivenciado momentos que prenunciam uma grande mudança social, o estado brasileiro foi colocado em xeque. Tenho visto atos extremados de muita coragem e covardia, de ambos os lados, mas a truculência é infinitamente superior por parte das forças policiais, não poderia ser diferente. Todos que participam das manifestações sabem dos riscos, principalmente profissionais da imprensa.

Protestos e passeatas sempre começam calmos, mas acabam se tornando batalhas que podem por em risco a vida de qualquer um que seja pego no fogo cruzado. Sejam mulheres, deficientes, crianças ou idosos. Devemos lamentar a morte do profissional Santiago Andrade, e se solidariza com sua família. No entanto, é FATO que essa tragédia foi causada, principalmente, pela indiferença das empresas do monopólio dos meios de comunicação com a segurança de seus funcionários.

Diferente dos trabalhadores dessas riquíssimas empresas, praticamente todos os midiativistas, fotógrafos e cinematógrafos alternativos trabalham equipados com CAPACETE, colete a prova de balas e máscara de gás militar. É a única forma de ter um pouco de segurança nessa “guerra”.

Ontem a noite, o Jornal da Band fez 1 hora de cobertura, com links ao vivo, e a dissecação do caso de seu cinegrafista, mas não citou em nenhum momento sua responsabilidade quanto ao EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA que ela deveria oferecer! Sua linha é afirmar que há baderna e descontrole social. Não Band. Não vai TIRAR O SEU DA RETA, você também é culpada!

O Estado ainda deve muitas respostas!

O fato é que o profissional Santiago foi gravemente ferido por uma explosão de um artefato que, “segundo as investigações policiais”, foi detonado por civis que cometeram o crime durante o ato de protesto contra o aumento das passagens. Mas como acreditar nessa “polícia” e nessa “mídia”.

Não descarto que o artefato tenha sido jogado por algum manifestante, mas pela quantidade de vezes que vi a covardia de PMs despreparados para cima dos manifestantes, em diversas manifestações que participei e acompanhei, não acreditarei jamais na versão dessa “polícia”. Sou contra esse modelo de polícia, e favorável a desmilitarização.

Agora, vejamos: o mesmo Estado que com afinco investigou o episodio lamentável ocorrido com o cinegrafista da Bandeirantes, também tem o dever ético e moral de investigar com o mesmo afinco os crimes que outras vitimas de violência policial, sofreram. E foram dezenas ou centenas.

Para essas pessoas (que morreram, perderam a visão e apanharam muito), onde está a tal pericia eficaz, igual a utilizada no caso do cinegrafista? Em que pé anda as investigações desses casos? Porque a "grande” mídia corporativa não noticia esses fatos? São perguntas que continuam sem respostas, e que o Estado deve por obrigação moral e ética, mostrar a mesma força e dedicação na investigação desses crimes que supostamente foram cometidos por policiais militares nas manifestações no Rio de Janeiro e no Brasil.

Espero que a triste notícia da morte do profissional Santiago Andrade, não venha a ser levianamente utilizada, contra a frágil democracia brasileira ou contra diretos constitucionais básicos. Mas parece que já está sendo utilizado, e ao extremo, existe um medo muito grande por parte das elites, é ano reeleitoral e de Copa.

Direito de resposta à Elisa Quadros, a Sininho

Na manhã de segunda-feira, a equipe do jornal A Nova Democracia foi à casa da cineasta e ativista Elisa Quadros, a “Sininho” para lhe dar o direito de resposta pelas acusações publicadas anteontem pelo programa “Fantástico” da Rede Globo. Segundo o programa, a ativista teria dito em uma ligação telefônica que o jovem que lançou o rojão que atingiu o cinegrafista da Band, seria ligado ao gabinete do deputado Marcelo Freixo. Coincidentemente, o advogado Jonas Tadeu que fez a acusação, defendeu os milicianos e ex-parlamentares, Natalino e Jerominho Guimarães durante a CPI da milícias em 2008, Comissão presidida por Freixo.

As acusações colocam em perigo a vida da cineasta Sininho, principalmente após a constatação da morte de Santiago Andrade. Ela contou à reportagem de AND como a onda de desinformação promovida pela Rede Globo começou, após sua chegada à 17ª DP na tarde de domingo. Veja a entrevista de 12 minutos na integra: http://www.youtube.com/watch?v=VO5-s7Fzmlo


Marcelo Freixo segundo Luiz Eduardo Soares

"Enquanto a história vira pelo avesso, O Globo comete um verdadeiro crime contra o jornalismo, procurando macular um dos homens públicos mais dignos e honrados de nosso país: Marcelo Freixo. Acusa-o, na capa, por interposta pessoa, e encerra o parágrafo com a indefectível sentença: "O deputado nega." Isso não ocorreu por acaso: O Globo sabe perfeitamente que com a derrota dos grupos nas ruas e seu isolamento, com a desmoralização da linguagem da violência, o maior inimigo das iniquidades e da brutalidade estatal é a política, o espaço participativo em que as ruas e as instituições dialogam. Quem, no Rio, quiçá no Brasil, melhor do que Marcelo Freixo, hoje, representa essa via?". Escreveu o antropólogo e escritor, Luiz Eduardo Soares.

A mesma Globo que veiculou matéria absurda contra Marcelo Freixo, uma das raras lideranças políticas respeitadas do país, sem uma apuração decente, sem fonte confiável, sem provas, em seu editorial de segunda-feira falou 6 vezes em "Jornalismo Profissional", "que é essencial buscar sempre a isenção e a correção para informar o cidadão", falou "que informa cidadão de maneira ampla e plural", fala que "vai estar lá - sem tomar posição a favor de lado nenhum" e ainda tem gente que acredita! É um desserviço completo a democracia e uma afronta a nossa inteligência. Uma das maiores violências ao povo brasileiro é um monopólio de mídia que distorce, mente e fabrica informações conforme os seus interesses!

A tarifa não baixou, e assim milhares voltaram às ruas

Milhares de manifestantes foram às ruas do Rio de Janeiro nessa segunda-feira em protesto contra o aumento da tarifa dos transportes. Porém antes do 4º  Ato de 2014, membros da imprensa corporativa e alternativa se reuniram, na Candelária e por um minuto colocaram seus equipamentos de trabalho no chão. O protesto foi, em homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade da Rede Bandeirantes, é contra a violência aos profissionais de imprensa. 


Na Central do Brasil, muitas revistas aconteceram na concentração, a polícia dominou o perímetro e realizou uma espécie de cerco em torno dos manifestantes. Um homem carregava um cartaz lembrando a morte do vendedor ambulante, Tasnan Accioly, atropelado na última manifestação (06/02) ao fugir das bombas lançadas pela Polícia Militar. A mídia corporativa, ignorou a lamentável e fatídica ocorrência.




As 18h45, tensão entre manifestantes e um repórter da Rede Globo. Um grupo tentou expulsar o jornalista do Ato, mas cerca de 30 policiais fizeram a proteção com um cerco. As 19h32, “OLHA EU AQUI DE NOVO”, era o que se mais cantava. A escadaria da Alerj foi novamente palco das manifestações! Policiais militares também estavam no local. Após ocuparem a frente da Assembleia Legislativa, manifestantes decidiram caminhar rumo a FETRANSPOR.

Em frente a sede da Federação, encenaram uma performance com a queima de uma catraca. Por fim o Ato chegou a Cinelândia, e foi realizada outra homenagem, um minuto de silêncio, na escadaria do Palácio Pedro Ernesto, ao cinegrafista e ao ambulante que morreram em consequência do último Ato contra o aumento das passagens, realizado no dia 06/02. 


Às 20h40 o Choque se aproximou de um grupo de manifestantes e solicitou que um deles removesse a máscara. O manifestante se recusou e foi detido, sem apresentar qualquer resistência. A viatura saiu se recusando a informar para qual DP o rapaz seria encaminhado. Depois outra detenção sem justificativa: um midiativista foi levado por portar uma máscara de proteção contra gás.

Mesmo com a evidente campanha de criminalização do movimento e da luta social, hoje, na média, no geral, os dois Atos, que saíram da Cinelândia e da Central do Brasil, foram marcados pelo caráter pacífico, mas sempre aparecem policiais que gostam de estragar ou tumultuar. Seria incompetência, ou ordens de superiores? O Estado ainda nos deve muito, inclusive resposta!

































Dia 13 está previsto outro Ato. A luta vai seguir até encontrarmos uma sociedade mais justa e livre de todas as catracas. Se a tarifa não baixar a cidade vai parar!

A Comissão que não foge as Lutas

Ciente da enorme responsabilidade, com espírito de luta, orgulho e satisfação, venho representando a centenária Associação Brasileira de Imprensa (ABI), através da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos, em fóruns e coletivos de luta pelos direitos da sociedade civil.


Como secretário da Comissão e conselheiro da entidade, juntamente com o presidente, Mario Augusto, só em 2013, ano que trouxe muito trabalho para nossa combativa Comissão: tiramos dezenas de notas públicas em defesa de diversas lutas e movimentos sociais, apoiamos o movimento Passe Livre, a criação da CPI dos Ônibus, a luta dos profissionais da Educação, a campanha contra o leilão de Libra. 


Homenageamos e entregamos, ao lado de outras entidades, a Medalha de Direitos Humanos, por serviços prestados a humanidade, ao direito de cidadania e ao direito humano da informação, às seguintes personalidades: Julian Assange, Edward Snowden, Glenn Greenwald, Bradley Manning, Aaron Swartz e Mordechai Vanunu.


Realizamos dois seminários pela Democratização da Mídia, a terceira edição está agendada para o dia 10 de março, participamos de audiências públicas pela abertura dos arquivos da ditadura, de atos em defesa do Complexo do Maracanã e promovemos ações conjuntas com diversas entidades, como os movimentos “Fora Feliciano”, “Fora Marin”,  pela apuração dos assassinatos de trabalhadores rurais, em favor da reforma agrária, contra a criminalização dos movimentos sociais. Sempre nos manifestamos unanimemente, com repúdio, em relação as ações truculentas das Polícias Militares e forças policiais, durante as manifestações populares. 


Dia 7, resposta. Nota Pública:


"A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI repudia o ato de violência que feriu gravemente o cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, durante manifestação na área da Central do Brasil contra o aumento de passagens dos ônibus do Rio de Janeiro. A Comissão se solidariza com os familiares de Santiago.


A Comissão exorta as autoridades a procederam uma investigação isenta para que possa ser esclarecido o fato e a identificação do responsável pelo ato covarde que atingiu o cinegrafista no exercício profissional em busca da informação. Além disso, a Comissão apela às autoridades e manifestantes no sentido de evitar a eclosão de violência, como a ocorrida nesta quinta-feira, e que também colocou em risco milhares de cidadãos que se encontravam no local durante os protestos e que tentavam retornar às suas casas após um dia de trabalho.


A Comissão exorta os meios de comunicação no sentido de evitarem conclusões precipitadas, antes mesmo da investigação isenta dos fatos ocorridos. Faz ainda outro apelo às autoridades para que os contingentes policiais evitem o uso de violência generalizada durante as manifestações. Repudiamos a truculência da PM e do governo do Estado.


Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI.
Rio de Janeiro, 07 de fevereiro de 2014".