Via Greenpeace -
Trinta e três itens, incluindo chuteiras, luvas de goleiro e a
‘Brazuca’, bola oficial da Copa, tiveram suas substâncias analisadas;
laboratórios independentes encontraram compostos químicos como os
perfluorados (PFC), nonilfenol (NPE), ftalatos e dimetilformamida (DMF)
em produtos de todas as três empresas.
Para além de todos os impactos que a
realização da Copa do Mundo no Brasil vem trazendo, estudo do Greenpeace
Alemanha aponta agora que, dentro dos gramados, também há graves
problemas.
A pesquisa revelou que produtos da Adidas, Nike e Puma
voltados ao mercado de futebol se mostraram quimicamente tóxicos. Trinta
e três itens, incluindo chuteiras, luvas de goleiro e a ‘Brazuca’, bola
oficial da Copa, tiveram suas substâncias analisadas. A famosa chuteira
‘Predator’, da Adidas, contém quatorze vezes mais substâncias tóxicas
do que o permitido pela própria empresa.
“Marcas como a Adidas
fornecem equipamento para alguns dos maiores times do mundo, e dizem
estar proporcionando um lindo jogo. No entanto, nossas pesquisas revelam
que eles estão jogando sujo. Com seus lucros exorbitantes durante a
Copa, pedimos que essas marcas parem de estragar o futebol e limpem seus
produtos”, explica Manfred Santen, coordenador da campanha de Detox do
Greenpeace.
Laboratórios independentes encontraram compostos
químicos como os perfluorados (PFC), nonilfenol (NPE), ftalatos e
dimetilformamida (DMF) em produtos de todas as três empresas, que são
largamente consumidos no mundo. Essas substâncias podem afetar o meio
ambiente e influenciar a cadeia alimentar, além de serem cancerígenas,
desregularem o sistema hormonal e afetarem a reprodução.
Dezessete
de vinte e uma chuteiras e metade das luvas de goleiro testadas
apresentaram PFCs particularmente perigosos, com PFOA, que pode afetar o
sistema imunológico e reprodutivo. Atrás da ‘Predator’, a chuteira
‘Tiempo’, da Nike, contém 5,93 microgramas por m² de PFOA, nível
considerado alarmante. Um par de luvas Adidas ‘Predator’ também mostra
excesso de substâncias tóxicas em relação aos limites propostos pela
empresa.
A bola ‘Brazuca’, por sua vez, é composta por NPEs, uma
substância que, quando em contato com o ambiente, libera nonilfenol,
conhecido por causar a feminilização de peixes machos na Europa e
modificar outros organismos aquáticos. O nonilfenol é proibido nas
produções têxteis de países da União Europeia e nos EUA, mas na China e
em outros países, onde as grandes marcas de roupa estabelecem suas
linhas de produção, o uso é liberado. NPEs também foram encontrados em
mais de dois terços das chuteiras e em metade das luvas, indicando um
uso intenso desse composto químico.
Ftalatos e dimetilformamidas
foram detectados em todas as 21 chuteiras. O DMF, usado como solvente em
chuteiras manufaturadas, é classificado como tóxico para reprodução e
pode causar lesões se entrar em contato com a pele.
“Apesar de
seus compromissos, a Nike e a Adidas não estão limpando sua produção de
substâncias tóxicas. Em nome das comunidades locais afetadas pela água
contaminada, dos torcedores e dos jogadores, pedimos a retirada de
qualquer composto químico tóxico dos produtos citados e a publicação de
um plano para a erradicação do uso do PFC”, defende Santen.
Detox
Desde
seu lançamento em 2011 pelo Greenpeace, a campanha Detox já convenceu
vinte marcas de roupas e acessórios, de luxuosas e pret-à-porter até
esportivas, a se comprometerem com o fim do uso de compostos químicos
tóxicos em suas cadeias de produção até 2020. Enquanto algumas empresas
reconhecem a urgência da situação agindo de acordo com o combinado,
outras como a Adidas e Nike se escondem atrás da papelada e da
‘maquiagem verde’.