Via FIP-RJ -
Mais um ato Não Vai Ter Copa! Contra a Copa da Fifa e do Capital. SP e
RJ unidos na luta! Em São Paulo, os revolucionários farão
um ato no dia 24/05. No Rio de Janeiro será dia 23. Concentração às 17h
na entrada da favela da Grota, no Complexo do Alemão, na Estrada do
Itararé na altura da Vila Olímpica.
O futebol é o esporte das multidões;
esporte das mais intensas paixões dos povos ao redor do planeta. Não
negamos a importância do futebol para o povo brasileiro nem mesmo o
papel do esporte e do lazer em uma sociedade. Entretanto, a Copa do
Mundo da FIFA não se resume a um evento esportivo.
O grito ‘NÃO VAI TER COPA’ surgiu nas
ruas, no levante popular de junho de 2013, quando milhares de pessoas em
diversas cidades do país lutaram por melhores condições de vida e de
trabalho. Gritar ‘NÃO VAI TER COPA’ é se posicionar contra o total
domínio do poder econômico e de seus interesses nas decisões políticas,
que devem ser determinadas pelo povo e voltadas única e exclusivamente
às suas reais necessidades. Não podemos fechar os olhos para os crimes
que estão sendo cometidos em nome da Copa do Mundo. Calar-se para o ‘NÃO
VAI TER COPA’ é trair o povo pobre, é trair a luta contra a
desigualdade social. É TRAIR as ruas!
Por que gritamos NÃO VAI TER COPA?
REMOÇÕES
Em nome da Copa do Mundo e das
Olimpíadas, despejos ilegais e graves violações aos direitos humanos
foram e estão sendo cometidos. Comunidades inteiras foram e estão sendo
riscadas do mapa, acabando com a vida de milhares de pessoas.
As remoções geram dor, tristeza,
abandono e morte. Todo o processo é uma tortura. Desde a pichação para
marcar as casas (que lembram práticas nazistas) que serão demolidas, a
pressão covarde – com intimidação e ameaças – dos agentes públicos da
SMH (Secretaria Municipal de Habitação), até a retirada à força, muitas
vezes, com a polícia empunhando armas de fogo para as pessoas sairem de
suas próprias casas.
O Estado Burguês brasileiro, conhecido
como Estado Democrático de Direito, nega o direito de toda a pessoa a um
padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família os serviços
sociais indispensáveis à dignidade humana – saúde, educação, limpeza
urbana, transporte e HABITAÇÃO. O direito à moradia é completamente
negado pelo Estado Burguês.
A Copa reproduz a exclusão social e racial. Aprofunda problemas sociais e ambientias nunca solucionados.
Mais de 250.000 famílias foram removidas
e/ou vivem ameaçadas de remoção. Os gastos para a Copa do Mundo no
Brasil passam os incríveis R$ 30 Bilhões (até o momento). Em comparação,
as últimas três Copas do Mundo somadas chegam a R$ 25 bilhões.
ENORMES GASTOS PÚBLICOS E ELEFANTES BRANCOS
O que são os Elefantes brancos? São
obras extremamente caras, grandiosas e, no entanto, TOTALMENTE
INEFICIENTES. Na linguagem popular é o famoso “jogar dinheiro no lixo”.
Os estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e
Natal não deverão sair por menos que três bilhões de reais no total. A
verba será financiada via BNDES e pelos governos estaduais, que são
composições de verbas públicas, portanto, o nosso dinheiro.
O estádio Mané Garrincha, em Brasília,
por exemplo, tem capacidade máxima para 71 mil pessoas. A contradição
salta aos olhos quando olhamos para o público do primeiro jogo da final
do campeonato brasiliense do ano passado: 1.956 pagantes. O mesmo
cenário se repete nas outras três cidades mencionadas.
Em Manaus, o absurdo é ainda maior! O
Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, ligado ao
Tribunal de Justiça do Amazonas, levantou a hipótese de transformar o
recém-construído estádio em um ‘presídio’ temporário.
A reforma do Maracanã custou quase dois
bilhões de reais e apenas três jogos da Copa do Mundo serão realizados
no estádio. Gastou-se um valor maior do que construir um novo! O novo
estádio, agora “arena”, apagou a identidade histórica do Maracanã.
Torcedores e até jogadores da seleção espanhola e italiana tiveram essa
sensação ao entrar no novo estádio: “Cadê a geral?” “É muito europeu.”
“Igual aos outros estádios, perdeu a mística...”
OPRESSÃO DE GÊNERO E RAÇA
A Copa do Mundo da FIFA reproduz as antigas práticas machistas e incentiva a mercantilização do corpo.
Um exemplo são as camisetas vendidas
pela Adidas, uma das multinacionais que patrocinam o megaevento. As
camisetas estampam bundas de mulheres, e numa alusão grosseira reforçam a
opressão de gênero e, em especial, as cotidianas agressões sexistas
contra as brasileiras.
Somado a isso está o racismo: a FIFA se
cala sobre inúmeros casos de racismo nos campeonatos europeus e pelo
mundo; por ser negro, um casal foi recusado pela FIFA, com respaldo do
governo, de apresentar o sorteio dos grupos da Copa – com o discurso de
que o casal não se enquadra aos “padrões europeus”.
A Copa só fará aquecer ainda mais as
redes de aliciamento que se beneficiam do mercado da exploração sexual.
Na África do Sul, por exemplo, o número estimado aumentou de 100 para
140 mil, durante o megaevento de 2010.
O Brasil possui um dos maiores níveis de
exploração sexual infanto-juvenil do mundo. Há denúncias do aumento de
exploração sexual, incluindo crianças e adolescentes, nos arredores dos
estádios e das grandes obras urbanas da Copa, que revelou, por exemplo,
que garotas de 11 a 14 anos estão se prostituindo na região do
Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
ELITIZAÇÃO = SEGREGAÇÃO NOS ESTÁDIOS
Os novos estádios ou arenas, só ficam ao
nível da aparência. Na prática, há um trágico efeito colateral em
curso: os custos das novas “arenas” (pagos com o dinheiro público, sendo
assim, nosso dinheiro) são embutidos no preço dos ingressos, que ficam
mais caros, gerando uma elitização do futebol. É o resultado da
privatização dos espaços públicos – empresas capitalistas que só visam o
próprio lucro passam a controlar espaços públicos.
Os tradicionais torcedores, a classe
trabalhadora, os mesmos que construíram os estádios ou arenas, são
excluídos de seus direitos, pois um trabalhador(a) não tem como pagar um
ingresso que chega a custar 50% (ou mais) do salário mínimo.
Uma recente pesquisa apontou que no
atual Campeonato Brasileiro os ingressos das novas arenas estão em média
119% mais caros que os nos estádios antigos.
REPRESSÃO
Mais preocupante que a campanha
orquestrada para desqualificar os que criticam a Copa do Mundo é o
movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para expandir o aparato
repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento – e muito
provavelmente, depois.
Este movimento tem atuado em duas
frentes: uma legislativa e outra ostensiva (policial e militar). Os
projetos de lei que visam tipificar o crime de terrorismo no Brasil
criam subterfúgios jurídicos para que o Judiciário possa enquadrar
movimentos sociais e manifestantes como terroristas.
O governo federal agora envia Tropas
Federais ao Rio de Janeiro com o discurso de conter o tráfico de drogas.
O tráfico sempre existiu, nunca acabou. Por que agora? É uma ação dos
governos (federal, estadual e municipal) para justificar a vinda das
tropas federais, auxiliando na invasão das favelas, na instalação ou
reforço das UPPs, ampliando o domínio e repressão do Estado e aumentado o
lucro capitalista, já que a primeira ação do Estado é abrir as portas
para que empresas privadas consigam novos consumidores.
Em um contexto de indignação e
protestos, aumentam as forças repressivas para sufocar, reprimir e
controlar as lutas populares, especialmente as seguidas revoltas que têm
ocorrido nas favelas, locais de inúmeros focos de resistência. Pois é
nas favelas que cotidianamente o povo pobre e negro é perseguido,
torturado e assassinado.
VERSO
O que aconteceu em Manguinhos foi mais
uma revolta popular! Pois cerca de cem famílias ocuparam um galpão
(vazio) atrás da biblioteca Parque de Manguinhos. A polícia militar
tentou retirar as famílias à força. Diante da resistência dos moradores,
os policiais atiraram bombas de gás e de efeito moral; a população
respondeu com uma chuva de pedras e garrafas. Em seguida, os policiais
começaram a atirar com armas de fogo. Várias pessoas ficaram feridas.
Quatro jovens foram baleados. Um está em estado grave. É a
criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, das lutas e
ocupações.
PROTESTOS
Diante de tantas arbitrariedades,
violações de direitos humanos, processos de total exclusão social,
apropriação do patrimônio público, desvio de verba pública, entre outros
vários crimes contra o povo, protestar contra a realização da Copa da
FIFA no Brasil não só é legítimo – é também um dever. Portanto, não se
deixe intimidar por discursos mentirosos e por um patriotismo cego e
incoerente com as necessidades do povo ou ainda por artigos escritos por
jornalistas e intelectuais cujo verdadeiro compromisso é com
determinado partido político ou com o próprio bolso.
A atuação da polícia contra as
manifestações se intensifica, fato que ficou claro no protesto do último
dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus Chaves foi
baleado à queima roupa (quase o levando a morte) por policiais
militares. Este covarde episódio que apenas representa a rotina nas
favelas e periferias do Brasil, nos coloca em alerta para futuras
manifestações.
Nem a violência policial nem o discurso
mentiroso da desqualificação nos fará parar. Somos parte do povo e
lutamos pelo povo e com o povo. Nada impedirá de desfrutarmos do direito
constitucional de protestar, sobretudo contra uma Copa do Mundo
mergulhada em podridão e crimes – que inclusive levou à prisão e morte
pessoas que sofreram com as truculentas remoções ou pelo processo de
“limpeza” social.
Os protestos contra a Copa do Mundo no
Brasil representam a luta pelos interesses do povo e a defesa da
dignidade da pessoa humana, ferida por leis de exceção e pelo processo
covarde de construção desta Copa do Mundo da FIFA.
Grota, Complexo do Alemão, Rio De Janeiro
Sexta-feira, 23 de maio, às 17:00
Organizado por Frente Independente Popular - RJ