22.5.14

Os dirigentes do Governo são "os automatismos da senhora Merkel"

Via Esquerda.net - 

Durante um jantar/comício que reuniu mais de 300 pessoas em Almada, Marisa Matias frisou que "a menos de 100 horas" das europeias de domingo, "ninguém deu pela salvação do país da bancarrota". “Não há maior bancarrota do que a do BPN laranja. Essa é uma das bancarrotas que nós queremos combater”, avançou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda. 
 

"Para a senhora Merkel, a vontade de 500 milhões de pessoas que vivem na União Europeia e que têm direito a manifestar a sua escolha, são automatismos. Para nós chama-se democracia e não se decide antes das eleições", afirmou Marisa Matias, referindo-se ao facto de Angela Merkel ter dito numa entrevista que a futura Comissão Europeia já está toda escolhida.

Durante a iniciativa que contou com a participação musical de Carlos Mendes, que terminou a sua atuação ao som da Grândola Vila Morena, acompanhado em uníssono por todos os presentes, a cabeça de lista do Bloco adiantou que “a Europa da austeridade é a que diz aos cidadãos e cidadãs da UE que não contam, que não podem decidir e que devem obedecer”.

Marisa Matias apelidou ainda "os dirigentes deste Governo" como sendo "os automatismos da senhora Merkel".

"A menos de 100 horas" das europeias de domingo, a dirigente bloquista assinalou que "ninguém deu pela salvação do país da bancarrota". “Não há maior bancarrota do que a do BPN laranja. Essa é uma das bancarrotas que nós queremos combater”, garantiu.

"Nós não somos automatismos, somos pessoas com direitos, com dignidade. Iremos votar para dizer à senhora Merkel que aqui em Portugal, como, aliás, na União Europeia, a direita vai perder e vai perder por muito", até porque quem votou nesses partidos "não volta a cometer o mesmo erro”, destacou a dirigente bloquista.

Marisa Matias enumerou também aquelas que considera serem as razões pelas quais os eleitores de esquerda vão votar no Bloco: "A primeira é porque nós não temos dúvidas relativamente à austeridade, rejeitamos toda a austeridade. A segunda é porque - e esta lista que apresentamos é a prova disso - já fizemos e continuamos a fazer alianças e propostas que juntem todas as forças possíveis contra a austeridade".

"Já o fizemos no Partido da Esquerda Europeia, fazemo-lo quando apresentamos e apoiamos a candidatura de Alexis Tsipras, fazemos em cada momento que nos apresentamos como a força de esquerda contra a austeridade, que é internacionalista, plural e que tem alternativas", justificou, garantindo que o melhor voto no domingo é "na estrelinha com cabeça".

A candidata alertou ainda para os perigos da abstenção: “Se a abstenção e os votos nulos melhorassem a situação do país, Portugal já era há muito tempo um dos países mais ricos da Europa, assim uma espécie de Suécia com sol. A abstenção e os votos nulos são um prémio para quem baixou salários e aumentou impostos”. 

"A abstenção joga e soma à direita" 

O coordenador nacional do Bloco afirmou que "a direita já sabe que perdeu as eleições" e que até o ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa lhes deu a "extrema-unção".

"Anda aquela dupla, Rangel e Melo, meio escondidos, a fugir das pessoas. Parece mais um funeral do que uma campanha eleitoral, duas almas penadas, dois gatos pingados. E até não lhes faltou ontem a extrema-unção do professor Marcelo", descreveu.

João Semedo referiu-se ao comício onde participou o ex-líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, que chamaram "para ter nota máxima e afinal de contas acabaram os dois, um e outro, reprovados e chumbados".

"Porque nem foi preciso ao professor Marcelo esperar por domingo para lhes passar a certidão de óbito. Mesmo ontem, bastou-lhe olhar para aquela campanha para lhes decretar o seu enterro", avançou.

O dirigente bloquista alertou que "quem não vota conta muito para a direita porque a abstenção não soma à esquerda". "A abstenção joga e soma à direita", vincou.

João Semedo afirmou ainda que Assis e Rangel estão infetados pelo mesmo vírus, o vírus da austeridade, tendo, para além do mais, a vacina "fora de prazo". O coordenador do Bloco lembrou ainda que o PS continua sem explicar como é possível estar contra a austeridade imposta pelo PSD e defender o Tratado Orçamental.

Foi o PS que ajoelhou perante a troika e foi a direita que aprofundou essa política” 

O risco principal que encaramos nestas eleições é a abstenção”, defendeu Fernando Rosas, avançando que a mesma tem três causas: “a gigantesca emigração que a política de austeridade deste Governo causou”; “o desinteresse, descrença e desmobilização no sistema político”; e “a ideia da inevitabilidade, de que tudo está decidido pelas altas instâncias e o povo comum não tem nada ao seu alcance que possa fazer para mudar esta situação”.

“A tendência para a abstenção repousa, portanto, numa ideia populista de que, nestas e nas outras eleições, afinal todos os partidos e todos os políticos e políticas são iguais e não conseguem e não querem resolver a situação em que o país se encontra”, avançou o dirigente bloquista, vincando que “esta é uma ideia falsa e perigosa”, a que “alguns grupelhos pululantes por aí e com pouca esperança de eleição não tiveram pejo de recorrer”.

“Os partidos, os políticas e as políticas não são as mesmas”, frisou Fernando Rosas, lembrando que desde o primeiro governo constitucional que quem governa o país são três partidos, “numa espécie de monopólio rotativo que monopoliza o sistema político desde praticamente 1976, sendo responsável por todas as principais medidas de estratégia que conduziram a esta situação: o PS, o PSD e depois o 'petit-chien' que vem atrás de um deles”.

“De que partidos vêm os políticos da corrupção no BCP e no BPN? Da promiscuidade entre o Governo e as empresas? De que partidos vêm os políticos da corrupção? Da razia e da desgraça da austeridade?”, questionou o historiador.

“Foi o PS que ajoelhou perante a troika. Foram os partidos da direita que desenvolveram e aprofundaram essa política. Esses partidos devem responder perante o povo nestas eleições e nas próximas”, defendeu Fernando Rosas.

Há muito mais na Europa do que submissão à austeridade” 

“Nunca como hoje foi preciso juntar tantas forças para este combate”, alertou a dirigente bloquista Joana Mortágua, denunciando o ataque à contratação coletiva e a criação de "um regime selvagem, em que os trabalhadores não têm defesa possível, sempre entalados entre o desemprego, a precariedade e os salários baixos".

“A nossa desobediência tem um alvo muito concreto. O alvo da nossa denúncia é o arco da austeridade e do empobrecimento onde se aliam os principais partidos europeus”, avançou Joana Mortágua. “Foi a captura do poder político pela banca, pelos interesses do mercado financeiro que aproximou os partidos do centro num pacto selado com a assinatura do Tratado Orçamental. Por isso a nossa proposta de referendar o TO é um ato de insubmissão”, acrescentou.

“Há muito mais na Europa do que submissão à austeridade”, defendeu a dirigente do Bloco de Esquerda.

Os reformados transformaram-se no alvo predileto deste Governo” 

A candidata e ativista dos movimentos de reformados, Luísa Cabral, lembrou que, desde outubro de 2012 , os reformados “se transformaram no alvo predileto deste Governo de direita para obter receitas”. “Os reformados viraram uma espécie de porquinho feito mealheiro onde o Estado vai buscar as patacas para colmatar o buraco da dívida”, adiantou.

Luísa Cabral referiu que, “ao contrário da anunciada reforma do Estado, nunca feita, o porquinho é que tem perdido gorduras”.

“Entre a bojarda do 'Ai! Aguenta, aguenta!' e a calúnia de que andámos a viver acima das nossas possibilidades, o Governo entendeu que endireitava as contas públicas esmagando os 15% de reformados [com pensões acima dos mil euros] enquanto mantém reformas de miséria e salários mínimos abaixo do aceitável, congela salários na Função Pública, aumenta impostos diretos ou indiretos, e caminha alegre e irresponsavelmente para 1 milhão de desempregados”, afirmou a ativista.

“Os reformados não são descartáveis, foram usados sim, mas ainda não chegou a hora de serem deitados fora. Os reformados são pessoas, contam e não são dívida”, destacou a candidata.

Segundo Luísa Cabral, “reclamar o pleno emprego, promovendo uma divisão mais equitativa do trabalho existente, repor a semana de 35 horas, lutar por maior solidariedade social, é o único caminho”.

“Os reformados estão na luta não apenas porque lhes estão a ir ao bolso, mas porque ganharam a consciência de que a sua luta faz parte de uma luta que é mais vasta, que não conhece fronteiras e que em última análise se vai decidir na Europa. A luta pelo Estado Social”, rematou.