HELIO FERNANDES –
Obrigado, Marcus de Paula, pelo teu comentário sobre o que o
então ex-deputado, falou no dia 2 de abril de 1964. Estava tão desaparecido
quanto ele, preso, torturado, assassinado e então rotulado como os generais bem
entenderam. Teu comentário de 18 linhas, admirável, incisivo e definitivo.
Você termina com a frase altamente bem colocada, tão
irrefutável que chega a ser emocionante: “A esperança é a última que morre”.
Comparando com a descoberta do discurso de Paiva, você diz que o meu depoimento
de horas em 1981, na CPI do Terror, também pode ser encontrado.
Até poderia, se houvesse interesse. Mas a Comissão da
Verdade não considera importante o “atentado-teste” de fevereiro de 1981,
destruição do jornal. No meu depoimento não há revelação sobre o Riocentro, que
só ocorreria três meses depois.
Eu não adivinhava,
apenas denunciava
Essa CPI do Terror (o senador Montoro era o relator, depois
governador de São Paulo), importantíssima. E o meu depoimento tem nomes,
sobrenomes, patentes, funções e objetivos pretendidos com o atentado contra a
Tribuna da Imprensa.
O nome do general de Quatro Estrelas, Otavio Medeiros, é
fartamente citado e denunciado por mim. Era o Chefe Geral do SNI. E como tenho
dito, os atentados, primeiro o da Tribuna, o segundo contra o Riocentro, tinham
como objetivo, a “prorrogação da ditadura”. Ele seria o herdeiro natural, o último
general a ser “presidente”.
Mais uma vez, obrigado, Marcus de Paula. Não apenas por mim,
mas porque interessa a todo o país. Tua confiança me alertou para a esperança
do final da comunicação.
Dois atentados
entrosados
Para que todos se lembrem: os dois atentados, foram
praticados ou cometidos, depois dos generais-torturadores terem publicado sem
consultar ninguém, o que chamaram de “anistia ampla, geral e irrestrita”. Mas
só servia a eles, que assim puderam comandar a transição.
Perderam a “prorrogação”, mas garantiram a impunidade. E
ROUBARAM do povo brasileiro, até uma data para comemoração do fim dos 21 anos
do regime arbitrário, autoritário, atrabiliário e torturador.
A “Revolução dos
Cravos”
Portugal acaba de comemorar com grande alegria das ruas, o
fim da sua também terrível ditadura. É a festa da “Revolução dos Cravos”, que
acontece todos os anos. E o cidadão brasileiro vai para as ruas em que data?
Comemorar a posse de Sarney? Que depois de 5 anos de “presidência”
(com as aspas da ditadura), está completando quase 25 anos de poder? 25 sem
contar os 5 de “presidente” e os outros tantos que serviu à ditadura.
Gabrielli na CPI, não
enganou ninguém
Num espetáculo que poderia se intitular, “A CPI do vazio”, o
ex-da Petrobras foi protagonista de um fracasso de crítica e de bilheteria.
Dona Graça, nos seus dois depoimentos, foi saudada, cumprimentada, até abraçada
pelos oposicionistas. Podiam discordar dos argumentos, mas não dela.
O ex, perplexo, saiu sem sequer um abraço, um cumprimento,
um elogio. E no plenário da CPI, nenhum oposicionista, os que foram, eram do
PMDB-PT, por obrigação. Quando o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, fez
seu “obrigatório” discurso, Gabrielli olhou, só estavam ele e o senador da
Paraíba. Que decepção.
Mas Dona Dilma
telefonou
Ela ficou com a televisão ligada o tempo todo, estava quase
sozinha. Três ou quatro participantes, olhavam para ver se ela gostava ou
desgostava, seguiriam sua apreciação. Não conseguiram decifrá-la.
Mais tarde, sozinha, Dona Dilma ligou para Gabrielli. Não
demorou, elogiou, “gostei do seu depoimento”, nada mais do que isso. Mas preencheu
em parte a desesperança, a solidão e vazio visível de Gabrielli ao deixar o plenário
sozinho e surpreendido.
Hoje, depoimento de
Cerveró
Era importantíssimo, não é mais. Vai depor, seu relatório
(?) foi confirmado e desconsiderado. Mas agora, apesar de dizerem que foi “rebaixado
na hierarquia petrobrasista”, fizeram acordo. A oposição ontem à noite estudava
ou decidia: deviam, comparecer? Pelo menos para fazer perguntas.
Semana que vem, a “terceira”
Dona Graça
Existe uma certa expectativa, pelo fato dela ter apresentado
duas versões sobre o mesmo assunto. No primeiro, taxativa: “Foi um mau negócio
a compra dessa refinaria”. Presidente da empresa agora, condenava personagens
de antes.
Pressionadíssima, no segundo depoimento, mudou o panorama
visto da ponte. Amaciou, considerou “um negócio recuperável”. Agora, diga o que
disser, nenhuma repercussão.
Paulo Roberto Costa
solto, que satisfação
Preso, a preocupação era enorme. Poderia ser chamado a
depor, lá mesmo na prisão do Paraná. A oposição já tentava um “acordo” para ouvi-lo,
PMDB-PT nem admitiam conversar sobre o assunto. Agora solto, provavelmente ou
aparentemente não será convocado.
Dezenas de
jornalistas na porta do ex-diretor
A cobertura que jornais e televisões determinaram é que está
preocupando Paulo Roberto Costa. Saindo da prisão num jatinho, considera que o
interesse em ouvi-lo pode jogá-lo de paraquedas, em lugar incerto e não sabido.
Jornalisticamente a CPI não interessa mais. Ontem não houve
manchete alguma. Os jornais individualmente apostam no ex-diretor para voltar
às “primeiras”. Mas é uma aposta, no momento não passa disso.
PS – “Contra o
Brasil, tudo o que vier é lucro”. Autor da frase: M'Bia, da
seleção de Camarões. É um craque, mas não sabe de nada o que acontece fora de
campo.
PS2
– Além de Camarões não ser mais o mesmo, idem, para a seleção brasileira.
Elogia mais o Felipão do que os jogadores, equívoco irrefutável. Felipão exalta
a ele mesmo, mas sonega dentro e fora de campo, precisa provar as duas coisas.
PS3
– Os sete jogadores que convocou para completar os 30, insatisfação geral. Mas
são raros os jornalistas ou comentaristas que se arriscam a discordar do
Felipão. Ele não quer apenas os “15 minutos de fama”, (Andy Warhol), quer a
glória toda.
PS4
– Se a seleção ganhar, vai retumbar a vitória do alto do Cristo Redentor. Se perder,
desaparece ou joga a culpa em cima dos jogadores, agora 30.
PS5
– Repetirá o que fez quando comandou (?) a seleção de Portugal? Na Copa das
Seleções da Europa, a mais importante depois da Copa do Mundo. Chegou à final
contra a desconhecida seleção da Grécia. Perdeu.
PS6 –
Decepcionou todo o povo de Portugal, apaixonado por futebol. Desapareceu,
surgiu novamente na Inglaterra. Monoglota, criou caso, foi despedido, o que
interessava era o dinheiro.
PS7
– De volta ao Brasil, acabou no Palmeiras, com uma campanha duplamente
vergonhosa. Dentro de campo, levou o clube à beira do rebaixamento. Quando viu
que não havia saída, novamente desapareceu, o Palmeiras foi abandonado e caiu
para a série B.
PS8 –
Mas já estava “apalavrado” com o servidor da ditadura, José Maria Marin.
Substituiu Mano Menezes, que não sabia nada. Agora Felipão garante o que ninguém
pode garantir, mas que se esconde numa frase, (dele), enigmática: “Para ganhar
do Brasil tem que ser melhor do que nós”.
PS9
– Parece a linguagem do Putin, que diz, “quem fala russo, pertence à Rússia”.
Para Felipão, quem foi convocado por ele, tem que falar o “idioma que ele fala”,
é o “charlatanês”.