ALCYR CAVALCANTI -
O futebol esporte das massas, é um esporte, um jogo de sorte ou azar, uma religião, um negócio bilionário, um fator político, uma instituição que tem mais filiados que a Organização das Nações Unidas. Causador de alegrias desmesuradas e de tragédias incontáveis o futebol incendeia paixões, interrompe conflitos como na guerra El Salvador X Honduras, tenta promover a paz entre Irã X Estados Unidos ou entre Israel X Palestina. O futebol é um fenômeno mundial controlado pela Federação Internacional de Futebol-FIFA e seu atual presidente Joseph Blatter com rendimento de milhões de euros. A federação mundial é uma maquina de fazer dinheiro, perfeitamente inserida na economia capitalista, muito bem organizada, exigindo dos países filiados um padrão-modelo, o chamado “Padrão FIFA”.
Em janeiro do ano 2000
na chegada de um novo milênio, o Brasil sediou o Campeonato Mundial de Clubes
com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro organizado pela FIFA. Vieram os
principais clubes do mundo como o Real Madrid e o Manchester United, com o jogo
final no Maracanã vencido pelo Corinthians. Trabalhei na organização do evento
para a FIFA, junto aos profissionais da imagem, e pude verificar in loco a
eficiência da entidade, inclusive por contar com milhões de dólares e um exército
de funcionários. Infelizmente isso não
acontece com os nossos organizadores, seja a nível federal, estadual e/ou
municipal onde para citar o poeta “as ideias não correspondem aos fatos”.
Arenas
Padrão
O “Mundial 2000”
deveria ter deixado uma lição para os nossos organizadores, mas pelo visto a
lição de nada serviu. Atraso nos estádios, superfaturamento em obras inacabadas
e algumas malfeitas, entorno das arenas, mobilidade urbana, muita coisa não
saiu do papel. O sistema de transportes é péssimo, onde o Metrô é o único que
funciona, embora transporte um pequeno número de passageiros. A grande massa é
submetida a milhares de ônibus que atravancam as avenidas fazendo os usuários
perderem horas e horas em engarrafamentos sem fim. O “Novo Maracanã” orçado inicialmente em
R$705 milhões de reais saltou para mais de um bilhão e
duzentos milhões de reais e as obras do entorno não foram concluídas. O estádio
Mané Garrincha homenagem a um dos maiores jogadores de todos os tempos, que
poderia servir de modelo de organização dobrou seu orçamento inicial que era de
R$745 milhões para mais de R$ 1,6 bilhões
conforme reportagem de Vinicius Sassine, baseada em investigação da
Controladoria Geral da União-CGU. Em São Paulo, no Itaquerão, palco de abertura
da Copa 2014 vão ser usadas estruturas temporárias e principalmente orações e
pajelanças para os deuses da chuva, em especial para São Pedro, para evitar
transtornos que poderiam e deveriam ter sido evitados. Na inauguração choveu
muito e goteiras em forma de cachoeira atormentavam os torcedores.
Ronaldo Nazário membro
do Comitê Organizador declarou á Agencia Reuters: “Estou envergonhado com os
atrasos nas obras e com as dificuldades que o país enfrenta para organizar uma
competição. É um disse me disse danado, atraso para tudo quanto é lado. É uma
pena”. As arenas poderiam deixar um modelo de eficiência em sua construção, mas
tem deixado muitas dúvidas quanto aos gastos reais, aos bilhões que estão sendo
gastos para a Copa 2014, que poderia ser a melhor de todas.