25.5.14

O LULA E A FADIGA DOS METAIS

CARLOS CHAGAS -
A boataria não acaba, claro que vão dizer que a culpa é da imprensa. No entanto, foi numa reunião com líderes do PMDB, esta semana, que o Lula voltou a admitir que poderá ser candidato em outubro, caso Dilma desista. Terá falado na teoria, porque desistir de uma candidatura sempre é possível, pela lei? Ou falou com segundas intenções?

Homenageada pelo PTB com movimentado almoço, a presidente da República enfatizou que vai até o fim, não havendo hipótese de saltar de banda.

No PT, continua o racha. Longe de ter sido abandonada, a tendência pelo “volta, Lula” domina suposições e conversas ostensivas. Os companheiros estão apreensivos com os números das pesquisas, já deixando obvia a realização do segundo turno, com Dilma candidata.

As sucessivas manifestações de protesto em todo o país atingem frontalmente o governo, na medida em que as mais variadas reivindicações fluem para o palácio do Planalto. As greves atingem a população e ela , justa ou injustamente, empurra seus reclamos para o poder público, com direito a estendê-los também a governadores e prefeitos.

Cresce o número de eleitores dispostos a boicotar a eleição, votando em branco, anulando o voto ou nem comparecendo às seções eleitorais.

Vive-se, com ou sem copa do mundo, um período singular, onde parece estar havendo a tradicional fadiga dos metais, horror de todos os pilotos de avião. Pouco importa se o governo é do PT porque seria a mesma coisa caso fosse do PSDB, do PMDB ou outra legenda qualquer. O grave é a falta de alternativas, pois os candidatos da oposição não empolgam. Deixou de existir aquela esperança fugaz sempre presente nos processos de renovação presidencial. O Lula foi o último a ostentar essa condição. Mas enganam-se os que pregam sua volta imediata, imaginando que repetiria o passado. Ele também é passageiro desse avião cujos metais estão fatigados.