CARLOS CHAGAS -
A boataria não acaba, claro que vão
dizer que a culpa é da imprensa. No entanto, foi numa reunião com
líderes do PMDB, esta semana, que o Lula voltou a admitir que poderá ser
candidato em outubro, caso Dilma desista. Terá falado na teoria, porque
desistir de uma candidatura sempre é possível, pela lei? Ou falou com
segundas intenções?
Homenageada pelo PTB com movimentado almoço, a
presidente da República enfatizou que vai até o fim, não havendo
hipótese de saltar de banda.
No PT, continua o racha. Longe de ter sido
abandonada, a tendência pelo “volta, Lula” domina suposições e conversas
ostensivas. Os companheiros estão apreensivos com os números das
pesquisas, já deixando obvia a realização do segundo turno, com Dilma
candidata.
As sucessivas manifestações de protesto em todo o
país atingem frontalmente o governo, na medida em que as mais variadas
reivindicações fluem para o palácio do Planalto. As greves atingem a
população e ela , justa ou injustamente, empurra seus reclamos para o
poder público, com direito a estendê-los também a governadores e
prefeitos.
Cresce o número de eleitores dispostos a boicotar a
eleição, votando em branco, anulando o voto ou nem comparecendo às
seções eleitorais.
Vive-se, com ou sem copa do mundo, um período
singular, onde parece estar havendo a tradicional fadiga dos metais,
horror de todos os pilotos de avião. Pouco importa se o governo é do PT
porque seria a mesma coisa caso fosse do PSDB, do PMDB ou outra legenda
qualquer. O grave é a falta de alternativas, pois os candidatos da
oposição não empolgam. Deixou de existir aquela esperança fugaz sempre
presente nos processos de renovação presidencial. O Lula foi o último a
ostentar essa condição. Mas enganam-se os que pregam sua volta imediata,
imaginando que repetiria o passado. Ele também é passageiro desse avião
cujos metais estão fatigados.