HELIO
FERNANDES -
Durante todo o tempo em que está como presidente, Dona
Dilma, fugiu de tudo de negativo, era mais otimista do que o próprio Ministro
da Fazenda. Este e Tombini, presidente do Banco Central, não se entendiam. E
mais grave: divergiam publicamente. De longe, pois não há diálogo entre eles.
Foram até repreendidos publicamente por Dona Dilma.
Explicação dela: “Tudo está correndo muito bem para o país, a fala de vocês com
discordância, o efeito é altamente negativo”. Só pensava nela. E desde que foi
eleita, tinha a obsessão de ser reeleita.
“A
crise de 2008, já foi superada”
O presidente do BC “embarcou” na comunicação que veio
dos EUA: “Já se vê, nitidamente, que o país está em fase de crescimento”. É uma
suposição, embora o que acontece ou aconteça por lá, tenha repercussão aqui e
no resto do mundo.
A
inflação resiste continua bem alta
Não há otimismo que consiga trazer os resultados negativos
da economia, para patamar consolidado. E apesar das mais diversas
interpretações, são os resultados, aceitáveis ou inaceitáveis, que dominarão a
campanha eleitoral.
Isso é tão evidente, que o governo “escalou” o
presidente do BC, para divulgar e comentar esses números. E revela os fatores
negativos, (quase todos), antes que eles sejam trazidos a público pela chamada
mas não oficializada oposição.
O
sacrifício de Tombini, o silêncio de Mantega
Foi difícil para o ainda presidente do BC. A inflação
não cai, teve que confessar, que “será mais alta do que o previsto por ele
mesmo”. Mas num arroubo de alegria, diz: “Projeção sobe, mas a inflação ficará
abaixo da meta, que é de 6,5%”.
Ora, essa “meta
de 6,5%” é uma farsa, fixada pelo próprio governo. Nada a ver com a
inflação-inflacionada da Argentina e da Venezuela. Mas o governo não consegue
nem trazer para a realidade, uma expectativa que ele mesmo criou, sem qualquer
base de realidade. Tudo invenção que é impossível de confirmar.
Dona
Dilma “capitaliza” até resultados negativos
Não é só a inflação. O PIB desce, a cada dia aparece um
número mais impenetrável do que o outro. O dólar parece um elevador (igual aos “privativos”
do edifício da odiada Petrobras), sobe e desce diariamente. Visivelmente sem
cabineiro.
Faltam
pouco mais de quatro meses para a eleição
Assim como Dona Dilma diz que falta pouco para a “Copa
das Copas”, podemos trancafiá-la na repetição: “Faltam pouco mais de quatro
meses e meio, para a eleição das eleições”. Pelo menos para ela.
O
futuro improrrogável
Se vencer ficará (?) mais quatro anos no poder, com as ressalvas
que já apresentei, e que podem levar a outro impeachment. Se perder não haverá
nova oportunidade, mas sempre poderá dizer: “Ninguém pensava que eu pudesse
chegar, mas cheguei”.
Gabrielli defendeu Dona Dilma, “ganhou” telefonema. Nestor Cerveró quis mostrar “independência”, ficou na escuridão do silêncio. Insistiu: “O meu relatório foi completo, tinha todas as informações”. Contrariou e condenou a presidente. Antes, do Conselho. Agora, da presidência da República.
NÓS VOLTAREMOS
“Sempre que leio a respeito da tragédia que recaiu sobre a sua vida e seu trabalho, fico cada vez mais orgulhoso do senhor, na medida em que não percebo, em suas manifestações, sentimentos de rancor ou ódio, que seriam naturais diante das circunstâncias reveladas e comprovadas.
Ainda bem que existem homens com coragem para lutar e persistir, transmitindo às gerações futuras que um mundo melhor ainda é possível. Isto, o repórter nos passa a todo o momento, mesmo nas dificuldades.
Como revelei em outra oportunidade, agradeço por seus ensinamentos diários e desejo uma longa vida à sua Tribuna da Imprensa".
Jorge Folena
Postado em 29/06/2009.
Comentário de Helio Fernandes:
Obrigado, Folena, pela contribuição e a observação. Esse ponto destacado por você é fundamental na minha vida e em toda a participação de dezenas de anos. Jamais tive qualquer ressentimento, ódio, rancor ou coisa parecida. Nas várias vezes em que fui para o DOI-CODI, um centro de terror, quase o instante da tortura, não ficava com raiva dos oficiais. Eles tentavam me gozar, dizendo como interrogação: “Então, jornalista, o senhor escreve contra nós, mas acaba sempre aqui”. E riam, alucinada e prazerosamente.
Não pensava em me vingar, não queria estabelecer qualquer forma de duelo ou de combate com eles. Eu tinha objetivos, procurava cumpri-los, quaisquer que fossem os obstáculos colocados à minha frente. Nada me impediria, não era a luta de um instante, a batalha de um momento, a convicção que eu logo abandonaria. Quando comecei a lutar, foi muito antes de 1964, do golpe chamado de Revolução. Pois o Brasil tem uma história cheia de golpes e nenhuma Revolução de verdade (1930 é uma fraude, uma farsa, mistificação completa).
Ainda menino, entrei na redação da revista “O Cruzeiro”, era um emprego. Mas logo compreendi que seria muito mais do que isso. E não desacreditei jamais. Meu primeiro trabalho de importância foi a cobertura da Constituinte de 1946. Ali travei conhecimento direto com a política e compreendi que eles não conheciam Aristóteles, e estavam distantes de compreender que “a política é arte de governar os povos”.
Acabada a Constituinte, fiz entrevista com o general Góes Monteiro e ouvi pela primeira vez a afirmação: “O Exercito é o grande mudo”. Como desde 1889 o Exército sempre se meteu em tudo, não tive dúvida: era impossível confiar em políticos e em militares. Eles estão sempre juntos, enganando a coletividade.
Em 1889, os civis combateram, mas o Poder não ficou com eles. A República nasceu militar, militarista e militarizada, mas apoiada por civis. Em 1937, o ditador era um civil, Vargas, garantido pelos militares. E, em 1964, trocaram, os militares ficaram com o poder ostensivo, mas garantidos pelos civis.
De qualquer maneira, o bom é a compreensão de um advogado militante como você e tantos outros. Aos que perguntam quando a Tribuna impressa estará nas bancas, respondemos como o general McArthur ao ter que deixar as Filipinas: “NÓS VOLTAREMOS”.
PS – Atualizando: aos 93 anos, não posso garantir coisa alguma. Antes do golpe de 64, fui o único jornalista preso. Em 21 de julho de 1963, fui preso e julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
PS2 – Combatendo os dois lados. Os que queriam manter o poder, e os que pretendiam conquistá-lo falando em Revolução mas preparando o golpe. Ficaram satisfeitíssimos.
PS3 – Em toda a História da República, fui o único jornalista JULGADO pelo Supremo. Outros, (incluindo Rui Barbosa) foram PROCESSADOS, o que é inteiramente diferente.
PS4 – Já disse e repito: da forma como os candidatos se apresentam na campanha, 2015 pode marcar a execução do segundo IMPEACHMENT da história do Brasil.