DANIEL
MAZOLA -
O Brasil será obrigado a racionar energia e água,
isso se não chover forte nos próximos 20 dias, nas cabeceiras dos
reservatórios país afora. A desagradável previsão é de um conselheiro de
administração de uma das maiores empresas do setor elétrico. O risco concreto
de racionamento, apagões e aumento de gastos com termoelétricas vão custar caro
para o governo. Caso São Pedro não colabore, o aumento do custo energético vai
afetar a inflação.
Com esse cenário virá à economia forçada de
energia, através de apagões programados nos grandes centros. Isso pode vir a
ser o mais novo ingrediente a impactar o fracassado modelo político e econômico
desse desgoverno. Com a falta de eletricidade (e água), a cúpula do PT, Lula, Dilma,
postes e agregados, temem os efeitos eleitorais negativos.
Dona Dilma Rousseff (que foi ministra das Minas e
Energia) e Edson Lobão (afilhado de Sarney), que comandam o setor elétrico desde
que Lula assumiu o poder, em 2003, são responsáveis diretos pelo caos. São os
operadores reais de um setor elétrico mal gerido, com altos custos de energia
pela falta de investimentos corretos em geração e distribuição (gerando falta
de energia e desperdício). É criminoso, dispendioso, além de ambientalmente
condenável, o uso e abuso de termelétricas.
É concreta a expectativa de pouca chuva para abastecer
reservatórios das hidrelétricas. Semana passada, o operador Nacional do Sistema
Elétrico, constatou quatro quebras de recordes seguidas de demanda máxima
instantânea de energia no sistema Sudeste/Centro/Oeste. O pico foi de 50.014 MW
às 15h29 na quinta-feira passada.
Com o pico da demanda é inevitável o acionamento
das usinas térmicas, movidas ao velho, caro e poluente óleo diesel. O
acionamento térmico indicado para essa semana é de 15.566 megawatts (MW)
médios, segundo previsão. Dona Dilma e sua equipe econômica só poderão jogar a
culpa em São Pedro, pedindo ao Papa Francisco que ore e interceda por mais
chuvas no Brasil.
Há quem aposte na superação do recorde de R$ 822,83
reais por megawatt-hora (MWh), nessa semana, no preço de energia de curto
prazo, conhecido no mercado como Preço de Liquidação de Diferenças (PLD). O
custo médio marginal de operação do sistema elétrico passou de R$ 481 reais por
MWh semana passada para R$ 1.065 reais por MWh nessa semana no
Sudeste/Centro-Oeste e Sul. O valor também é absurdo no Norte e Nordeste: R$
863,47 reais por MWh. Os números são da Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE).
Na região Sudeste/Centro-Oeste, os reservatórios estão
fechando o mês em 40,57 por cento de armazenamento. Embora o nível seja
superior ao do ano passado, os números estão bem abaixo da média histórica. Em
dezembro, o nível das represas do Sudeste era de apenas 43,18 por cento. No
Sul, 58,58 por cento. No Nordeste, 42,53 por cento e, no Norte, de 59,99 por
cento.
Com as altas temperaturas do verão, o consumo de
energia se mantém forte, o que eleva muito o uso de equipamentos de
refrigeração, junto com o aumento da carga de consumo industrial. O ONS projeta
aumento de 7,1 por cento na carga de energia no sistema elétrico nacional em
fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2013, chegando a 68.973 MW médios. A
produção de energia fica comprometida com os reservatórios em baixa, o que
também indica necessidade de racionamento de água.
Tudo indica um cenário de racionamento para os
próximos meses, apagão, instabilidade, e em função da sucessão, mais negociatas
e corrupção. Temos vários problemas estruturais. Não é a redução da compra de
ativos financeiros pelo Federal Reserve dos EUA, que vai provocar uma
forte saída de capitais dos países emergentes, obrigando-os a subir ainda mais
os juros, como ocorre com Brasil, Turquia e Índia. Na lógica capitalista,
a fuga de dólares ocorre pela crise de confiança nos mercados emergentes, que
têm problemas estruturais e não mostram vontade política de mudar para melhor.
O medo imediato de Dona Dilma, Lula, postes e
agregados é que o Brasil tenha suas notas rebaixadas pelas “agências de risco”.
Mas ainda tem outros medos permanentes que podem abalar a sonhada e praticamente
certa (será?) continuidade do PT, e esses medos São Pedro não tem como ajudar: a
má gestão das contas públicas, o alto déficit nominal do País, a cada vez mais
alta carga tributária, e a inflação gerada pela subida dos preços fora do
controle oficial.
Essa é mais uma variante que vêm gerando pesadelos
para o Palácio do Planalto. O inesperado apagão energético e os efeitos
psicossociais negativos podem gerar tantos problemas combinados, e eliminar Dona
Dilma do páreo para 2014. Mas Lula está na fila de plantão.
O Brasil já está perdido, com a vitória de qualquer
um desses candidatos que se apresentaram até agora (com chances), são
financiados por grupos econômicos. Quem vencer a eleição vai seguir o mesmo
modelo político e econômico. Portanto, das urnas eletrônicas de 2014, é certo
que não sairá mudança positiva. Nossa “república democrática presidencialista”
definitivamente é um grande fisco, não representa o povo. Mas nada deve parecer
impossível de mudar, e para mudar positivamente, só exigindo nas ruas.
Policial
lança livro questionando militarização e é expulso da PM
Por escrever, e distribuir, o livro “Militarismo:
Um sistema arcaico de segurança pública”, Darlan Menezes Abrantes, um policial
militar de 39 anos, foi expulso da PM depois de
13 anos de serviços prestados à corporação.
Após ser demitido, Abrantes ainda foi pressionado
pela PM para que revelasse quais os outros policiais que concederam entrevistas
questionando a militarização das polícias. A expulsão de Abrantes foi
publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará, no último dia 17 de
janeiro. No texto da demissão, a PM afirma que “teor do livro fere o decoro e o
pundonor militar”.
A PM abriu um inquérito que culminou na ação penal
pela prática de crime tipificado no artigo 166 do Código Penal Militar, que
prevê pena de dois anos de prisão para quem “publicar, sem licença, ato ou
documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto
atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo”.
Segundo o policial, em
entrevista ao Tribuna do Ceará, o modelo de militarização é “covarde” e trata a
“sociedade como inimigo”. Deveriam contratar o autor do livro, para o bem da
sociedade, e não demiti-lo.
Cabra Marcado
Todo mundo é um cabra marcado para morrer. Mas não
da forma estúpida como foi assassinado anteontem, a facadas, o cineasta Eduardo
Coutinho, vítima do próprio filho esquizofrênico.
Aliás, a melhor homenagem que o cinema pode prestar
a um dos melhores documentaristas do Brasil é produzir, urgentemente, um
documentário sobre o tema esquizofrenia. Geralmente mascarada pelas famílias, a doença faz vítimas todos os dias.
Mas as mortes produzidas pelos esquizofrênicos, e outras,
só entram nas estatísticas de crimes violentos e ganham o noticiário quando o
morto tem fama. A mídia hegemônica, não politiza a sociedade, não promove
debate, e assim fortalece essa triste realidade.