4.2.14

A CAMPANHA, O GOVERNO E A PRESIDENTE

CARLOS CHAGAS -
De um lado, João Santana, Franklin Martins, Rui Falcão e um monte de gente aos poucos se engajando e sendo contratada para atuar na campanha pela reeleição. De outro, Aloizio Mercadante e o ministério, com a função de tocar o governo, destravá-lo e prepará-lo para o segundo mandato.
No meio, a presidente Dilma, obrigada a desempenhar dois papéis, não raro conflitantes. Pairando acima do campo de batalha, o ex-presidente Lula, gestor do governo e da reeleição. No porão, o PT.
Vai dar certo?  Dificilmente, em termos de relacionamento entre as duas equipes, apesar de as pesquisas indicarem a vitória nas urnas e a aprovação de quase 50% da atual administração. No fundo, uma coisa só, ainda que duas vertentes de ação com todos os requisitos  para bater de frente. A sorte dos dois grupos é que faltam adversários de peso, tanto para disputar a eleição quanto para apontar as falhas de governo.
O singular nessa tertúlia é que o grupo empenhado na reeleição faz duras críticas  ao desempenho do governo, que não estaria ajudando na  campanha, ao tempo em que o grupo escolhido para governar aponta falhas na trajetória mal iniciada. Por  enquanto as viagens da candidata pelo país são e continuarão sendo viagens da presidente  para inaugurações, distribuição de benesses,  exposição pública e até solidariedade diante de eventuais catástrofes da natureza. Situações que os marqueteiros tentarão aproveitar sempre mais, até que nos meses próximos da eleição a equação se inverterá:  a prioridade será para a conquista de votos.
É conhecida a história do cidadão que de noite botou dois grilos numa caixa de fósforos, imaginando que estaria vazia ao abri-la pela manhã: um teria comido o outro. Não será bem assim na sucessão, como não é na natureza. No final, aparecerão pedaços de grilo e uma caixa de fósforos em completa desordem. Estará começando o segundo mandato, caso não sobrevenham inusitados capazes de desmentir as pesquisas.
AINDA FALTA MUITO
O primeiro capítulo da reforma do ministério, anunciado ontem, favoreceu apenas o PT, nas quatro escolhas anunciadas pela presidente Dilma na  Casa Civil, Saúde, Educação e Comunicação Social. Como são doze as pastas a preencher, faltam oito.  Por conta disso acirram-se os ânimos nos partidos da base oficial. Há descontentamento no PMDB, crise no PDT,  má vontade no PR e perplexidade  no PTB.  Claro que não são para valer as ameaças de qualquer desses partidos bandear-se para a oposição. Alguns de seus líderes podem ser meio doidos mas não rasgam dinheiro. Ignora-se o tempo de anúncio dos novos ministros, mas o prazo é abril, quando os atuais que são candidatos deverão desincompatibilizar-se.