HELIO FERNANDES -
Só um personagem como o capitão seria capaz de debater publicamente, o preenchimento de uma vaga no Supremo que só será aberta dentro de um ano e nove meses. Não existe a menor dúvida de que o seu objetivo é
prejudicar Sergio Moro.
O debate que se estabeleceu prejudica duplamente o ex - juiz da Lava - Jato. Em relação ao Senado que precisa sabatinar o candidato e principalmente do próprio STF que precisa ter uma vaga. Todo o mundo político e jurídico percebeu a intenção do capitão: prejudicar o seu suposto candidato.
Sergio Moro constatou imediatamente que o capitão estava contra ele e tentou se defender. Afirmou então: "Não vim para Brasília para ser ministro do STF". Isso é rigorosamente verdadeiro.
Em plena campanha presidencial o capitão precisava que o ex - presidente Lula não fosse candidato. Fizeram então um acordo pejorativo, depreciativo mas definitivo.
Moro transformou Lula em inelegível, o que garantiu a vitória do capitão. Com isso aumentou a recompensa do juiz Moro. Ele foi pra Brasília nomeado para dois ministérios, e tido e havido como a segunda personalidade da hierarquia do poder. Mas se desgastou tanto em quatro meses, que é um risco completo colocá-lo na sucessão de 2022 como candidato suposto ou pressuposto.
Só que o fato estranhíssimo do Presidente da República vir a público lançar a candidatura de Sergio Moro para uma vaga que não existe teve a evidente intenção de desgasta - lo. Moro percebeu que precisava se defender, mas está tão desgastado, mergulhou tão fundamente no ostracismo que rompeu ele mesmo os compromissos e promessas do futuro.
O suposto futuro de Sergio Moro só pode se concretizar dentro de um ano e nove meses, quando haverá a primeira vaga para o STF. E num país dominado por crises cada vez maiores e diárias, em um ano e nove meses
pode acontecer tudo.
Ou seja, para Moro qualquer que ele imagine que sejam as suas possibilidades, estará completamente errado, equivocado e ultrapassado.