MARCELO MÁRIO DE MELO -
O convite acende
filme de espera
desfia cenas
desenha mapas
e se irradia
na plateia próxima.
O desconvite
desarma o circo
desfaz a fila
acaba a festa
e deixa os convidados
ao pé da porta.
O desconvite não permite
ressarcir o preço do bilhete
porque não há indenização
a desencanto ampliado.
O convite é um foguete
que só deve ser lançado
checando todas cartas
por cima
e por baixo da mesa.
Sendo de trato cruel
o desconvite
só deve ser utilizado
como arma de guerra
contra inimigos.
Lembrando que na vida
entre tantas coisas
más e boas
o mais importante
é cuidar das pessoas.
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Marcelo Mário de Melo é poeta, escritor, jornalista, intelectual pernambucano, ativista político. Nasceu em Caruaru, foi para o Recife com nove anos de idade. Integrou-se ao PCB aos 17 anos, foi fundador do PCBR em 1968, atuou na clandestinidade, teve a prisão preventiva decretada em 1970, foi preso político em Pernambuco de março de 1971 a abril de 1979. Filiou-se ao PT em 1980, desfiliou-se em 1990 e reintegrou-se em 1994, sem ter se ligado a nenhum outro partido no intervalo, “o que equivale a um segundo casamento com a mesma mulher”, como ele mesmo costuma dizer. Escreve principalmente poemas, histórias infantis, mini-contos e textos de humor.