EMANUEL CANCELLA -
Bolsonaro pode, como no período eleitoral, dizer que tudo isso é fake news ou coisa do PT.
Lembro-me, no governo Dilma, da polêmica sobre a vinda dos médicos cubanos para o programa “Mais Médicos”. Chegaram a colocar em dúvida o diploma dos médicos cubanos, como também alegaram que seria trabalho escravo.
Para quem não sabe, Cuba tem uma das medicinas mais avançadas no mundo. Esses médicos vieram para ajudar o Brasil e também doar parte de seus salários ao seu país.
Entendo que fica difícil para algumas pessoas entenderem isso, principalmente alguns médicos brasileiros que, embora tenham se formado em universidade pública, financiada integralmente com dinheiro público, jamais teriam um gesto como esse dos cubanos.
Pressionada, Dilma até fez uma espécie de segunda chamada aos médicos brasileiros para ingressar no programa, mas o fato é que eles não querem sair dos grandes centros.
Cito como exemplo a Petrobrás, onde o concursado pode ir para qualquer estado brasileiro trabalhar, por se tratar de clausula contratual. Lógico que, quando o interesse é da Companhia, é dada uma ajuda financeira temporária ao funcionário.
Nas Forças Armadas existe também algo parecido, onde o comando pode deslocar o militar para áreas diferentes da sua base original.
Por que não fazer isso com os médicos? Algo como, nos primeiros dois anos, o Estado é que vai decidir onde o médico vai trabalhar?
Na Petrobrás, a maioria daqueles que foi transferido por força contratual se surpreendeu e adorou a experiência, apesar de inicialmente terem sido refratários à ideia.
Depois da eleição, lembro-me de a mídia dizendo que a cidade de Ponta Grossa no Paraná deu a Bolsonaro, 74% dos votos. Agora vem a notícia de que a mesma cidade vai perder 75% do médicos (1).
Já perdemos o Mais Médicos, a Embraer; estamos perdendo a Petrobrás; querem ainda entregar o Banco do Brasil e o desemprego não para de crescer (2,3,4).
Se Bolsonaro trata assim ponta Grossa, que lhe deu 74% dos votos, imagine o que fará com o restante do Brasil!
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