29.11.18

A TRAJETÓRIA DE LUIZ FERNANDO PEZÃO, MAIS UM GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO PRESO

REDAÇÃO -

De Piraí ao Palácio Guanabara, político há 36 anos ganhou projeção na cidade natal e foi vice de Cabral antes de assumir o mais alto cargo do executivo do RJ e agora ser alvo da Lava Jato.


Preso nesta quinta-feira (29) na Lava Jato, o governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando de Souza, conhecido como Pezão, tem 63 anos, é economista e nasceu em Piraí, município que fica no Sul do estado.

Em sua cidade natal, começou a carreira política em 1982 como vereador, por dois mandatos, e prefeito por outros dois.

Pezão, que ganhou o apelido por calçar 47,5, alavancou a vida política na mesma cidade onde nasceu e entrou para o Executivo estadual ainda no governo de Rosinha Garotinho, em 2005, quando foi nomeado subsecretário de Governo e Coordenação.

No ano seguinte, em 2006, Pezão foi escolhido e eleito como vice-governador na chapa do ex-governador Sérgio Cabral, ambos pelo PMDB, na disputa ao governo estadual. Quatro anos depois, os dois foram reeleitos para o Executivo fluminense.

Durante o governo Cabral, além de vice Pezão também foi secretário de Obras, responsável então pelas principais intervenções do governo, entre elas as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos complexos de favelas do Alemão, Manguinhos, Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e Rocinha, e a construção do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro – muitas das obras investigadas na Lava Jato.

Em 3 de outubro de 2010, Pezão foi reeleito vice-governador do estado na chapa de Cabral, para o mandato 2011-2014, tendo desempenhado também a função de coordenador da Coordenadoria Executiva dos Projetos e Obras de Infraestrutura do Estado do Rio de Janeiro.

Em abril de 2014, Pezão assumiu como governador após Cabral renunciar ao cargo para se candidatar ao Senado Federal. Na época, a economia do estado já enfrentava sérios problemas e os governos de Cabral despencavam em avaliações da população.

Ainda assim, Pezão venceu a disputa pela reeleição, no segundo turno. O adversário político, na época, foi o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Pezão, então, tomou posse com o estado imerso numa das piores crises da história. Em 2016, as contas públicas estavam em colapso e Pezão precisou ficar sete meses fora do governo para tratar um câncer.

Nesse meio tempo, o vice-governador, Francisco Dornelles (PP), decretou estado de calamidade pública no estado. Foi a primeira vez que o RJ chegou a tal situação. Segundo o decreto editado e publicado em edição extraordinária do Diário Oficial estadual, o motivo para a medida era a "grave crise financeira". Ainda era ressaltado que a crise impedia o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização da Olimpíada e da Paralimpíada, em 2016.

Pezão reassumiu em outubro do mesmo ano e deu seguimento às tratativas com o governo federal para firmar um acordo de recuperação fiscal do estado, em janeiro do ano passado. Passados oito meses, o pacto foi firmado com a expectativa de representar um alívio de R$ 63 bilhões às contas.

Em fevereiro deste ano, o presidente da República, Michel Temer, decidiudecretar intervenção na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Pezão, então, passou a ter um papel secundário e as Forças Armadas assumiram a responsabilidade do comando das polícias Civil e Militar.


PrisãoNesta quinta-feira, Pezão foi preso durante a operação Boca de Lobo, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Carlos Miranda, operador de Cabral e conhecido como o "homem da mala" detalhou o pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão na época em que ele era vice.

Também houve, segundo a delação de Miranda, pagamento de 13º de propina e ainda dois bônus de R$ 1 milhão como prêmio.

O MPF acusa Pezão, ainda, de operar um esquema próprio de corrupção. O órgão afirma que apesar de ter sido homem de confiança de Cabral e assumido papel fundamental na organização criminosa do ex-governador, inclusive "sucedendo-o na sua liderança", Pezão passou a orientar seus próprios operadores financeiros.

Fonte: G1