JEFERSON MIOLA -
O general Hamilton Mourão, o vice do Bolsonaro, não consegue conter seu conhecido sincericídio, e confessa aquilo que Bolsonaro esconde.
Ele declarou que o 13º salário é uma “jabuticaba brasileira”. Segundo ele, o 13º é previsto em leis que só existem no Brasil, e são um peso para o empresário: “Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. […] É complicado, e o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais é aqui no Brasil…”.
Alguém sabe dizer qual a diferença entre o pensamento da chapa Bolsonaro-Mourão em 2018 e o pensamento da Globo em 1962, quando participava da conspiração para golpear Jango em 1962?
A resposta é: nenhuma. Bolsonaro e a Globo atacam os direitos trabalhistas porque defendem um projeto de dominação escravocrata no Brasil.
O 13º salário, conhecido como “gratificação natalina”, foi instituído pelo governo João Goulart [Jango] através da Lei 4090 de 13 de julho de 1962, e representou um importante avanço para a democratização das relações capital-trabalho e se constituiu em fator de crescimento e desenvolvimento econômico mediante o aumento do consumo.
Naquela época a Rede Globo, sempre posicionada contra os direitos trabalhistas e sociais, e favorável ao autoritarismo e à entrega do país para os estrangeiros, foi radicalmente contra a medida democrática do governo Jango.
A capa da edição de 26 de abril de 1962 dizia em letras garrafais a posição reacionária da família Marinho, proprietária do grupo de mídia fertilizado na ditadura civil-militar de 1964/1985: “Considerado Desastroso Para o País um 13º Mês de Salário”.
A lógica [simplória] do raciocínio do Mourão e da Globo é a mesma: o general entende que se o ano tem 12 meses, não faz nenhum sentido o empresário ter de pagar 13 meses de salário!