O turismo é chamado de indústria
sem chaminé e visto, por muitos brasileiros, como mera atividade de lazer. É
muito mais que isso. É a terceira atividade econômica que mais cresce no mundo
e responde por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Em cada 12 postos de
trabalho no mundo, 1,3 é gerado pelo turismo. São comprovados pela OMT
(Organização Mundial de Turismo), vinculada à ONU e pesquisada pela Oxford
Economics. Aponta que até 2025 o emprego no turismo crescerá a media de 3,1% ao
ano. No Brasil o setor envolvendo todos os segmentos de serviço que o integra
que é enorme gera 8,6% dos empregos. Superando os serviços financeiros, de
comunicações e de mineração, por exemplo.
Na União Europeia o turismo é responsável por 8% da renda
nacional, expressado em 2017 nos 600 milhões de visitantes. É gerador
mundialmente de 10% dos empregos e trabalha na projeção, para os próximos 10
anos, de mais 5 milhões de novos postos de trabalho. Nesse tempo globalizado em
que os empregos tradicionais desaparecem, substituídos por novas tecnologias, o
turismo é uma área sustentada pela mão de obra humana. No estudo da Oxford
Economics, o turismo responde por 8% das exportações mundiais, representando,
nos diferentes continentes, 10% do PIB mundial.
Anualmente, 1,3 bilhão de turistas viajam pelo mundo. Em 2015 (os
números em 2018 são maiores), os países mais visitados foram: França, 83,7
milhões; EUA, 74,8 milhões; Espanha, 65 milhões; China, 55,6 milhões; Itália,
48,6 milhões; Alemanha, 33 milhões; Turquia, 39,8 milhões; Reino Unido, 32,6
milhões; Rússia, 29,8 milhões; e, México, 24,2 milhões. É por consequência uma
área impulsionadora da economia mundial.
No Brasil, nesse cenário mundial de geração de riqueza pela
atividade turística, a ignorância sobre as suas potencialidades econômicas não
fica adstrita a parcelas da população. No Congresso Nacional parece não ser
diferente. Há três anos permanece travada na Câmara dos Deputados a Nova Lei
Geral do Turismo (PL-2724/2015), apesar de tramitar em regime de urgência, os
parlamentares não enxergam prioridade para a sua votação. Transforma a Embratur
em Agência Brasileira de Promoção. Além de maior autonomia, o Ministério do
Turismo aponta que a nova legislação ampliaria, em médio prazo, a receita
cambial do turismo dos atuais 6,6 bilhões de dólares e atingiria 19 bilhões de
dólares em médio prazo. É uma mudança fundamental para integrá-lo mundialmente.
No ano passado, ficando na América Latina, países como a Colômbia,
recebeu 6,5 bilhões de dólares e o Peru, obteve 4 bilhões de dólares, de
receita cambial, demonstrando como o Brasil está defasado. A Indonésia projeta
receber em 2018, 24 bilhões de dólares. Em 2017 o Brasil recebeu 6,5 milhões de
turistas internacionais que gastaram 5,8 bilhões de dólares. Já os turistas
brasileiros no exterior gastaram 19 bilhões de dólares, gerando um déficit de
13 bilhões de dólares.
Para efeito comparativo: a Torre Eiffel recebeu 6,9 milhões de
visitantes e o Museu de Louvre 9,7 milhões, mais do que o total de turistas que
vieram ao Brasil. Dotado de potencialidades turísticas inimagináveis, somos
marginal no cenário mundial. Infelizmente, as resistências internas para a
modernização e dinamismo da atividade são gigantescas. Atestada na
irresponsabilidade do Congresso Nacional que obstaculiza a aprovação de uma Lei
fundamental para o desenvolvimento global do turismo no País. Hoje, o maior
parceiro comercial do Brasil é a China. Em 2017, os turistas chineses viajando
pelo mundo atingiram 135 milhões. Somente 62 mil visitaram o Brasil. Conquistar
o turista daquela nação deveria ser uma prioridade, igualmente de outras partes
do mundo. Para tanto é essencial e estratégico aumentar investimento,
destravando o burocratismo de uma legislação atrasada que impede a sua
modernização. Campanhas internacionais de divulgação exibindo ao mundo as
potencialidades do turismo brasileiro são imperativas.
É urgente o Brasil aprovar uma agenda estratégica para o turismo
nacional. Gerará reflexos positivos na economia e no desenvolvimento, a exemplo
do que acontece em todo o mundo. Turismo não é só lazer, é gerador de riqueza
com custos modestos para um País, quando comparado com outros investimentos.
* Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É
autor de vários livros sobre a economia brasileira.