MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -
Quem assistiu a entrevista do capitão da reserva do Exército e candidato à Presidência Jair Bolsonaro confirmou que ele não passa de uma afronta ao povo brasileiro. Disse tantas barbaridades que se fossem todas apresentadas não caberiam neste espaço. Entre outras asneiras culpou os próprios negros pela escravidão e afirmou ainda que os portugueses não foram à África.
Ao defender o regime sanguinário de 1964 assinalou que não houve golpe de estado feito pelos militares com apoio empresarial e voltou a fazer a apologia do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu impune. As suas boçalidades sobre o tema não pararam aí e continuou no decorrer da entrevista a vomitar ódio.
Na verdade, Bolsonaro engana um público restrito, que passa por Janaina Pascoal e por militares saudosos daqueles tempos sombrios, para não falar de pessoas desinformadas e que se deixam iludir por palavras totalmente idiotas.
Os entrevistadores e entrevistadoras não aproveitaram a oportunidade para demonstrar que o projeto econômico defendido pelo candidato extremista não tem diferenças com os demais postulantes, como, por exemplo, Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles. É preciso apontar que Bolsonaro, que admite desconhecer a economia, está impregnado do mesmo ideal que leva adiante Michel Temer e é defendido por Alckmin e Meirelles. E por mais que diga outras coisas não consegue enganar quem conhece o mínimo da atualidade, sem subterfúgios.
Ou seja, não adianta nada sair por aí condenando Bolsonaro como extremista, sem comentar que a sua proposta econômica, levada adiante por Paulo Guedes, é igual a dos políticos apoiadores do projeto executado pelo governo de Michel Temer, que ele votou no golpe e chegou até a elogiar o notório torturador Brilhante Ustra. O seu consultor econômico, Paulo Guedes, poderia ser perfeitamente consultor de Alckmin e dos demais seguidores do projeto. Essa é uma verdade que os analistas de sempre, com grande espaço na mídia comercial, preferem omitir. Seria querer muito que no Roda Viva esse tema viesse a ser desenvolvido.
Bolsonaro precisa ser combatido de todas as formas, não apenas pelas boçalidades que vomita a todo instante onde quer que se encontre. Ofendeu a comunidade negra em uma palestra proferida no clube Hebraica, para um público que defende as atrocidades do governo israelense contra os palestinos, capitaneado por Benyamin Netanyahu, que, por sinal, é sempre defendido pelo capitão da reserva e defensor incondicional da ditadura empresarial militar instalada a partir do golpe de abril de 1964. E agora, ainda por cima, repetiu barbaridades contra os negros.
No seu afã de defender o regime instalado em abril de 1964, Bolsonaro chegou ao cúmulo de afirmar que a derrubada do Presidente constitucional João Goulart não foi um golpe. É mais do que lamentável que em pleno 2018 ainda encontre militares defensores dass mesmas idéias proferidas pelo candidato presidencial.
A campanha eleitoral se aproxima. Espera-se que os eleitores tenham a oportunidade, sem manipulações, de conhecer com mais detalhes as propostas dos candidatos. Espera-se também que os grupos apoiadores do projeto que vem sendo executado por Temer não aprontem algo grave para impedir o julgamento popular de tudo que foi feito nos mais de dois anos deste governo. Trata-se de um perigo real, que ainda não pode ser descartado. É histórico, toda vez que golpistas temem perder fazem de tudo e muito mais para evitar a ascensão de setores que não querem a continuidade do projeto do tipo que vem sendo executado pelo atual governo.
Por enquanto, os golpistas de 2016 estão contando com a manipulação da mídia comercial e até mesmo o impedimento da candidatura do postulante Luis Inácio Lula da Silva, que segue liderando as pesquisas por boa margem e tem denunciado tudo o que vem sendo feito por Temer, mas se isso não der certo para eles são capazes de inventar pretextos para não perder a condução do projeto que infelicita a maioria dos brasileiros.
Por isso e muito mais, todo cuidado é pouco, porque, se não, os golpistas são capazes de qualquer expediente para continuar levando adiante o projeto iniciado em 2016.
Em tempo, é muita hipocrisia os veículos midiáticos do esquema Globo se apresentarem como fiscalizadores das notícias falsas que circulam por aí, quando é notório que os veículos globais manipulam e não raramente apresentam informações deturpadas para favorecer aos seus interesses políticos e econômicos.