MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -
Em reunião do Mercosul nesta segunda-feira (18), o presidente brasileiro defendeu veementemente acordo do bloco com a União Européia, o que já coloca em dúvida o acordo, que é considerado por muitos analistas, entre os quais, Samuel Pinheiro Guimarães, como lesivo aos interesses dos quatro países – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - integrantes.
Só o fato do acordo ser defendido tão enfaticamente por Temer já bastaria para se colocar as barbas de molho, porque o governo desta figura, repelida pelos brasileiros e brasileiras, tem favorecido em demasia as empresas multinacionais. Temer em seus mais de dois anos de governo tem se revelado um benfeitor do que há de pior para a população.
Essa é a realidade que vem sendo escondida dos leitores, telespectadores e ouvintes diariamente. Daí se compreende como o posicionamento de Temer na reunião do Mercosul estar sendo apresentado como algo positivo. Mas as opiniões contrárias são sumariamente ignoradas e assim sendo a opinião pública que acompanha os jornalões e telejornalões não tem a oportunidade de conhecer outras opiniões além das favoráveis ao acordo Mercosul-União Européia.
O mesmo ocorre com outras questões relevantes que afetam também a vida dos povos latino-americanos. No caso de Temer, basta apenas acompanhar com isenção o que tem feito desde quando assumiu o governo brasileiro para se chegar a alguma conclusão. O seu governo, por exemplo, cortou mais de 94% nos gastos sociais, o que corresponde a uma afronta a maioria da população brasileira. Mas o tema é praticamente ignorado pelos analistas de sempre, useiros e vezeiros em aplaudir as medidas restritivas que estão sendo adotadas desde 2016 com o golpe parlamentar, midiático e judicial.
E como enfrentar essa situação adversa? É preciso inicialmente procurar fontes independentes para se informar. Passada essa etapa, exigir que o próximo governo a ser eleito coloque em discussão e submeta a um plebiscito tudo o que foi feito por Temer. E também pressionar no sentido de evitar que os golpistas de 2016 impeçam eleitores a decidir o destino do país. É condição absolutamente necessária para evitar que o Brasil continue a andar para trás. A partir daí, o país poderá encontrar novos tempos e julgar em definitivo o que vem sendo feito pelo governo Temer.
E para que isso aconteça, vale sempre repetir, é necessário que a população seja realmente informada com a máxima liberdade e não como acontece atualmente em que muitas verdades ou são escondidas ou manipuladas. Espera-se também que o mundo político se posicione e os eleitores saibam de fato quem é quem no jogo eleitoral. Sem isso não se pode afirmar que prevalece o regime democrático.
É o que se espera para que possa ocorrer um verdadeiro processo democrático. Pois sem isso teremos de fato uma brincadeira e mau gosto, digna de um governo golpista que faz o possível e impossível para enganar a opinião pública, utilizando indevidamente a denominação de democrático.
---
* Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista, Escritor, vice-presidente na Chapa Villa-Lobos, jornalabi.blogspot.com arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI (2016/2019) e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói.