MIRANDA SÁ -
“Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre” (Autor desconhecido)
Outro dia uma das brilhantes inteligências das redes sociais foi pragmática ao lembrar que ainda restam outras seis investigações de denúncias contra Lula da Silva; escrevendo: “Lula parece panela de pipoca tirada do fogo. Ainda pipocam algumas…”
Quem tem a experiência de fazer pipoca sabe disso… Ocorre até com as industrializadas próprias para micro-ondas que dispensam o utensílio que a finada Marisa Letícia mandou que os coxinhas enfiassem…
Os primeiros conquistadores que chegaram nas Américas encontraram a pipoca – que não conheciam – como um salgado à base de milho usado pelos índios tanto como comestível quanto para enfeitar os cabelos.
Pasmaram os europeus quando viram este produto dos grãos de milho e descreveram a pipoca, desconhecida na Europa, como um petisco em forma de flor servindo de alimento e adorno. Segundo pesquisas, ela surgiu na América há mais de dois mil anos; as sementes – de uma variedade especial do milho – foram encontradas por arqueólogos da Cordilheira dos Andes até o Estado norte-americano do Utah.
Os índios brasileiros sintetizaram a sua produção: os grãos são estourados em panela, no calor do fogo (explodem, quando aquecidos) ou atirados na brasa. Nos dias atuais o milho-pipoca (Zea mays everta) é levado ao micro-ondas numa embalagem especial.
O Dia da Pipoca no Brasil é comemorado no dia 11 de março. Já no Estados Unidos, a data escolhida pelo Popcorn Board é o dia 19 de janeiro. A pipoca é considerada o principal lanche e alimento símbolo do estado americano do Illinois, desde o ano de 2003.
Os dicionários portugueses classificam o verbete “Pipoca” como um brasileirismo, e realmente o é, pois deriva-se do Tupi Guarani pi (ra) – pele; poca – estalar; a pele rebentada.
O caroço de milho torrado e estourado, que virou acompanhante indispensável nos cinemas, é dicionarizado secamente como substantivo feminino designando “grão de milho rebentado pelo calor do fogo”. E ponto.
Quanto à gíria, multiplica-se a partir do verbo pipocar, usado no futebol como medo de dividir o lance, entre policiais e marginais como tiros de arma de fogo e entre sindicalistas, como uma forma de greve. Na Bahia, é acompanhar blocos sem comprar o abadá.
Temos o plural “pipocas”, que aparece como advérbio, nada: “não entendi pipocas do assunto”; e a figura do pipoqueiro, vendedor de pipocas querido das crianças na porta das escolas; ou jogador de futebol medroso; ou como registrou o jornalista, escritor, ator e dramaturgo Plínio Marcos, “pipoca”, bolsa de senhora, e “pipoqueiro”, punguista especializado em afanar bolsas de mulher.
Aparece, também, o masculino, “pipoco”, que quer dizer estampido e explosão, e, na política, como escândalo. Entre parlamentares registra-se também como hipérbole, “Fulano tem seguidores feito pipocas…”
“Pipoco”, escândalo na política, estoura nas descobertas que pipocam a toda hora, como a que recentemente envolveu o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner, arrecadador de propinas que somam quase o dobro do dinheiro encontrado no bunker de outro baiano, Geddel Vieira…
Diz-se que quanto mais quente o fogo, mas rápido a pipoca estoura; entretanto, na panela (ou no pacote moderno para micro-ondas) aparece sempre um “piruá”, isto é, o milho que se recusa a estourar. Os “piruás” são como os cúmplices de Lula, que continuam o mesmo milho de sempre, não enfeitam cabelos e são indigeríveis…