ANDRÉ MOREAU -
A concentração de poder agravada nos últimos dois anos, vem aprofundando as feridas abertas nos corpos que disputam sub-empregos em meio a alta percentagem de analfabetismo e o baixo poder aquisitivo.
Tratam-se de pessoas pobres que estão sendo empurradas para o estágio da miséria extrema.
Cotejando a narrativa das Organizações Globo, acirrada a partir de 2013 e repercutida pelos meios de comunicação conservadores, com estatísticas sociais, não nos surpreendemos ao ver nas ruas o aumento da miséria extrema.
O choque causado nessa fase do marketing “anti-crime organizado”, insuflado no final do Carnaval de 2018 com a intervenção militar no Rio de Janeiro, lembrou os tempos do acirramento da ditadura empresarial/militar de 1º de abril de 1964. Funcionou como uma cortina de fumaça, visando encobrir a lavagem de dinheiro do crime organizado de São Paulo, que abastece os paraísos fiscais, mas também indica o aprofundamento do golpe.
A onda de choques - teoria de Milton Friedman - atinge mais ainda a população pobre das periferias, brutalmente castigada com o congelamento por vinte anos dos gastos públicos, que atinge farmácias populares, escolas e postos de saúde, dentre outros serviços sociais, agora passa a avançar sob o manto “anti-crime organizado”, evidenciando mais ainda o estilo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Os elementos que vêm se sobrepondo no dia-a-dia, desde o último golpe de estado, revelam o retrocesso social que se anunciou com a PEC 241, ou 55, o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho, a ameaça de privatizar a Previdência Social visando beneficiar seis banqueiros e seis famílias que controlam os meios de comunicação.
O projeto de militarizar o Estado, que naturalmente socorrerá o ilegítimo Michel Temer, e seus fiéis auxiliares, não pode ser comandado por um governo que virou pano de chão, mas sem dúvida alguma, conta com o patrocínio dos senhores dos meios de comunicação conservadores, que passaram a orientar os rumos da população, desde a derrubada da Presidenta Dilma Rousseff.
O “modus operandi” da ditadura que vem sendo implantada no Brasil, lembra práticas usadas em ditaduras passadas:
1. Uruguai (1973-1985), que teve o civil Juan María Bordaberry, na presidência, mas mantido por militares.
2. A teoria de choques implantada no Chile pelos Chicago Boys, na ditadura do general Augusto Pinochet.
3. México, que teve suas terras tomadas pelos EUA, depois de Emiliano Zapata, ser traído, emboscado e assassinado, em 9 de abril de 1919 pelo general Jesús Guajardo e Pancho Villa, ser traído, emboscado e assassinado em 20 de julho de 1923.
Ao contrário do Povo uruguaio que contou com a Frente Ampla do Uruguai, nas boas lutas pela redemocratização do País, as populações chilena e mexicana, mais pobres, foram arrastadas para a miséria extrema. A classe média vive à margem da pobreza e os oligarcas locais e norte-americanos que exploram os meios de comunicação, os presídios, a água e a previdência social, dentre outros serviços ligados aos direitos humanos, ficam mais ricos a cada ano que passa.
* André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos - ABI - Associação Brasileira de imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.