28.2.18

ATRÁS DOS CARROS ALEGÓRICOS ENTRAM OS TANQUES

ANDRÉ MOREAU -


O que vem pronto, bem embalado, quase sempre anula a possibilidade lúdica de criação, principalmente quando fora do embrulho, só podemos experimentar o sabor, ou apreciar o objeto.

O colégio, ao contrário, embala a idéia de convívio social entre diferentes classes, inclusive a violência dos ricos contra os pobres, desde a primeira infância.

Quem não se lembra do dia em que apanhou, da turminha que se considerava superior?

A segurança pública e a justiça deveriam ser embalagens da idéia de que todo cidadão deve se sentir seguro, porque a ordem e a lei previstas na Constituição asseguram tratamentos iguais para ricos e pobres.

O que embala a implantação da intervenção federal, com militares treinados para a guerra cuidando da segurança pública, é a violência de guerra contra o “crime-organizado”.

Se a maior quantidade de dinheiro do “crime-organizado” é lavado em São Paulo, por que então a intervenção ocorreu no Rio?

Teria alguma coisa a ver com desejo dos senhores do engenho da comunicação manipulada, de controlar a segurança da senzala, visando conter manifestações populares como as decorrentes dos desfiles do Carnaval de 2018?

Por que pensar se há conteúdo acabado dentro da embalagem?

No capitalismo selvagem só é preciso gostar, ou não do conteúdo. E se o conteúdo representa uma ameaça à ordem, basta apontar seus aparatos de guerra e eliminá-lo.

É como experimentar a Coca-Cola, para sentir se a bebida mata, ou não a sede.

Afinal, além da embalagem, o anúncio vende essa idéia, mas ao contrário da primeira surra no colégio, que pode esclarecer a luta de classe entre ricos e pobres, o que vem dentro da garrafa, não passa de um xarope que depois de anos de estudos químicos e de marketing, passou a ser vendido largamente como a melhor bebida para matar a sede no deserto.

Mas ao beber a Coca-Cola gelada, o cidadão com sede, até se engana, mas logo em seguida quando ela esquenta a sua sede aumenta.

Mas por que apesar de continuar com sede, se sentindo enganado pelos anúncios caros que falam que Coca-Cola é a melhor bebida para matar a sede, o cidadão continua bebendo Coca-Cola?

Porque sua composição vicia os consumidores. E o anúncio, é tão repetido que o público bebe Coca-Cola mesmo sem matar a sede, porque ficou viciado e passou a acreditar nas mentiras dos anúncios.

O processo de doutrinação da “ordem”, no Rio de Janeiro que mantém até hoje no regimento interno da Polícia Militar que uma determinada localidade da periferia onde há muitas pessoas negras, é “área de mancha negra”, foi desmoralizado com o fracasso do Governador Pezão.

O motivo não foi a embalagem do setor da segurança pública, criado por senhores de engenho que fundaram a guarda para cassar negros fujões das senzalas. Apesar do conteúdo da embalagem “área de mancha negra”, tratar de forma racista essas pessoas, que em função da cor devem ser abordadas como suspeitas, revistadas e identificadas.

A intervenção federal embala a reestruturação do Ministério da Segurança, em detrimento do Ministério dos Direitos Humanos.

O conteúdo “crime organizado” do Rio de Janeiro desvia o foco das ações operadas principalmente em São Paulo, onde o dinheiro lavado é transferido para abastecer as CC5 dos paraísos ficais. Também funciona como uma cortina de fumaça para que o incauto não veja o que vem sendo preparado, em Pacaraima, que deverá funcionar como base militar de invasão da Venezuela.

O conteúdo que vem sendo revelado choca a todos com o Rio em guerra, enquanto a embalagem de proteção aos venezuelanos que chegam a Roraima, encobre a cobiça norte-americana pelo petróleo de Orinoco.

* André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos - ABI - Associação Brasileira de imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.