JOSÉ CARLOS DE ASSIS -
O cidadão norte-americano comum dificilmente entenderá a reação paranoica de parte de suas elites ao recente encontro pessoal de Trump e Putin em Hamburgo, durante a reunião do G20. Não seria benéfico para a paz mundial, cada vez mais dependente das relações entre as duas superpotências, que os dois líderes se entendessem para encontrar uma alternativa de relacionamento de interesse comum?
Creio que o povo norte-americano não é contra esse entendimento que interessa ao mundo inteiro. O mesmo deve ocorrer fora dos EUA. Não obstante, os geopolíticos paranoicos do time dos Clinton, perfilados em torno dos belicistas do Pentágono e da CIA, tentam de toda forma fulminar com a tentativa de aproximação, embora tenha sido claramente sinalizada por Trump desde a campanha presidencial.
Isso é forte indicação que, também lá, a grande mídia faz o jogo da destruição de qualquer perspectiva de paz em favor dos interesses econômicos e geoeconômicos manipulados pelos neoconservadores. Meus parcos leitores talvez se lembrem de que, na campanha eleitoral norte-americana, e uma vez derrotado Sanders, torci abertamente pela vitória de Trump justamente por razões de sua aversão à geopolítica.
Brasileiro vivendo no Brasil, não me interessa muito o que acontece na política interna norte-americana. A sociedade civil do país é suficientemente forte para resistir a eventuais ataques de Trump aos direitos de cidadania. Contudo, a política externa americana, esta sim, me interessa. Ou acaso os geopolíticos norte-americanos, belicistas como são, não podem empreender uma guerra em larga escala contra a Rússia, para desgraça geral?
É patético que a grande mídia brasileira não se apercebe disso ao analisar a política externa norte-americana. Limita-se a repetir a cantilena dos neoconservadores e dos belicistas da CIA, sem qualquer espírito crítico. Na verdade, muitos de nossos jornalistas que estão em Nova Iorque ou visitam Washington à custa do governo do país são vendidos ao Departamento de Estado e à própria imprensa norte-americana, que compra seu comportamento de vassalagem.
A aproximação de Rússia e Estados Unidos é vital para a paz mundial. Só idiotas que observam a geopolítica como um jogo de futebol subestima a iniciativa de Trump. É muito provável que o Congresso norte-americano, dominado pela extrema direita, tente criar obstáculos a essa aproximação, inclusive com o recurso da sabotagem feita pela CIA. Diante disso só podemos saudar a decisão de Trump. Por caminhos transversos, ele tornou-se um arauto da paz.