MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -
A cada dia que passa o governo ilegítimo de Michel Temer se supera em matéria de retrocesso social. Como se não bastassem as mancadas do golpista no exterior, desde ter sido chamado a atenção pela Primeira Ministra norueguesa Erna Solberg na questão da corrupção e o vexame produzido pelo Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, ao citar Deus para afirmar que só ele pode garantir que a devastação ambiental da Amazônia será detida, o Ministério do Planejamento anuncia que o governo pretende reter parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores demitidos sem justa causa. E a medida é cinicamente justificada pelo Ministro Henrique Meireles como “forma de economizar com o pagamento do seguro-desemprego”.
O anúncio recém divulgado bate recorde em termos de retrocesso social e deve ser combatido com todas as forças pelos brasileiros. Será necessária uma ampla mobilização para evitar que esse novo crime anunciado se efetive. Ou seja, apesar da vontade desse governo que desrespeita os trabalhadores, ainda é possível deter essa medida vergonhosa, mas que não chega a surpreender, porque em se tratando do atual governo golpista tudo é possível em matéria de retrocesso social.
Não será também nenhuma surpresa se amanhã for anunciada alguma outra medida ainda mais perniciosa aos trabalhadores. Faz parte do esquema neoliberal em andamento desde a ascensão dos golpistas defensores incondicionais do capital que age acima de qualquer coisa em busca do lucro fácil em detrimento dos trabalhadores.
E todo cuidado é pouco, porque os apoiadores das reformas, na verdade contra-reformas, contam com o apoio incondicional da mídia comercial conservadora, como diariamente acontece nos jornalões como O Globo e nos canais de televisão do mesmo grupo, sejam abertos ou a cabo, que visam enganar incautos.
Resta saber agora como reagirá o Poder Judiciário, no caso o Supremo Tribunal Federal (STF), se por acaso for acionado para julgar se a medida anunciada de retenção do FGTS de trabalhadores demitidos sem justa causa se tornar efetiva.
A maldade anunciada é muito dolorosa, sobretudo no momento em que o trabalhador mais precisa do que é seu, o FGTS e a respectiva multa de 40% previstos no caso de demissão sem justa causa, exatamente por estar desempregado. O anúncio deve ser repudiado ao máximo como resposta da sociedade à total falta de sensibilidade social deste governo que envergonha os brasileiros como demonstrou o giro de Temer na Rússia e Noruega, apresentando-se ilegitimamente como representante da população e mentindo de forma descarada.
Em tempo, a mancada de Sarney Filho não se resumiu a citação de Deus na questão da Amazônia, que a Noruega anunciou a redução da verba destinada à preservação da região, como também culpou o governo deposto de Dilma Rousseff pelo aumento da devastação ambiental. Ora, se fosse isso, a Noruega teria anunciado bem antes o corte da verba, mas fez isso agora para demonstrar que a devastação aumentou exatamente por culpa do governo atual cujo titular foi lá para convencer a empresários que ele, Temer, garante o lucro fácil e a entrega do petróleo a empresas interessadas, entre as quais norueguesas.
Como Temer não garante nem a si mesmo, ou seja, se continuará como presidente brasileiro face a série de denúncias que é acusado, é bem provável que os empresários noruegueses, do setor petrolífero e outros, estejam com pé atrás em matéria de garantias oferecidas.
* Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista, Escritor e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV, transmitido pela Unitevê, Canal Universitário de Niterói, Universidade Federal Fluminense (UFF). Via blog Jornal da ABI.