4.2.17

CARNAVAL DO ABSURDO: MARCHINHAS SÃO PROIBIDAS EM NOME DO POLITICAMENTE CORRETO

ALCYR CAVALCANTI -

"Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é?"
(João Roberto Kelly)


Stanislaw Ponte Preta deve estar se revirando no túmulo, o Festival da Besteira vai atacar no Carnaval. A proibição em nome do Politicamente Correto tenta transformar a maior festa popular do mundo onde os blocos de rua levam a diversão a todos em uma alegria contagiante em um desfile sem graça, onde a espontaneidade vai dar lugar ao programado, em uma robotização em massa. Marchinhas tradicionais, sucessos há várias décadas como "Cabeleira do Zezé", "Maria Sapatão", "Mulata Bossa Nova", " O Teu Cabelo Não Nega" e muitos outros estão sendo retirados de cena em uma cruzada totalmente desnecessária.

Blocos de Carnaval como "Mulheres Rodadas", "Céu na Terra" e alguns outros querem retirar músicas tradicionais, sucessos em todos os blocos em nome de uma "festa séria".  Daqui a pouco vão proibir o biquíni e os seios de fora como na "Era Jânio Quadros" de triste memória, que mergulhou o país em uma situação caótica cujos efeitos sentimos até os dias de hoje.

O compositor João Roberto Kelly, o mais tocado no Carnaval em entrevista à Cléo Guimarães em sua coluna "Gente Boa" afirmou: " Carnaval é uma grande brincadeira, é leveza. Nunca quis ofender ninguém e acho que marchinha não pode ter limite".

Carnaval é inversão de valores onde homens se vestem de mulher, adultos se transformam em crianças,  ricos saem de mendigos e falsos religiosos desfilam ao som de cuícas e tamborins. O "Reinado de Momo" é  crítica, deboche, o direito de extravasar depois de um ano de dificuldades, recessão, muito sofrimento e um futuro incerto, querer proibir letras ingênuas de músicas feitas em um outro contexto é um tremendo equívoco. O carnaval é uma festa sem dono, sem regras e sem imposições. São quatro dias de folia, sinônimo de loucuras, para tudo se acabar na quarta feira, como dizia o poeta.