MÁRIO A. JAKOBSKIND e ANDRÉ MOREAU -
Um dia triste, sem dúvida, a notícia segundo a qual a ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva teve morte cerebral, o que pela legislação só se confirma oficialmente 24 horas depois da constatação.
No facebook correu a informação de que um bando de extremistas comemorou o fato com buzinas e fogos de artifícios, o que confirma que uma parte, mesmo mínima, da população, antes de qualquer coisa está cometida de uma doença que deve ser combatida com o máximo rigor para evitar que essa enfermidade acometa outros setores. Até porque essa doença é de alguma forma transmissível.
O aumento da pressão pode gerar um acidente vascular cerebral (AVC), principalmente quando a pessoa tem coágulo em alguma artéria do cérebro, como a ex-primeira dama Marisa Letícia, internada as pressas no Hospital Sírio Libanês (24), na tentativa de conter o AVC hemorrágico que a acometia.
Os mortais comuns, que tem o corpo, objeto e alvo de poder, de uma forma ou, de outra passam por situações de aborrecimento que aumentam a pressão e atingem de maneira grave aqueles que por uma série de motivos, foram ou, se privaram de cuidados com a saúde.
No início da semana Marisa foi diagnosticada com trombose nas pernas e foi submetida a instalação de um filtro na veia cava que liga os membros inferiores ao coração e aos pulmões visando impedir uma embolia pulmonar.
Aborrecimentos, segundo o cardiologista Roberto Kalil, agravam o estado clínico de pacientes, como no caso da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que vinha sendo atingida no dia-a-dia por ações de coerção, perseguições calculadas por editores do JN das organizações Globo, desde julho de 2013, quando a mecânica da narrativa do golpe de 2016, foi bolada.
É preciso lembrar que o JN diariamente noticiava que dona Marisa Letícia estava envolvida em corrupção. Notícias sem nenhum tipo de comprovação, que envolviam não só dona Marisa e Lula como os demais familiares dos Silva.
Uma mulher guerreira como Marisa Letícia, que esteve ao lado do marido desde sempre, sentiu profundamente as mentiras que estavam sendo assacadas contra a família. E com o agravante de que as notícias divulgadas não passavam de vazamentos de investigações, vale sempre repetir, sem nenhuma comprovação.
E quem imagina que essa forma de (anti) jornalismo parava aí, engana-se. Recentemente a Polícia Federal concluiu que a denúncia segundo a qual um apartamento triplex pertencia a Lula não procedia. Pois bem, o fato foi ignorado e os telespectadores não foram informados a respeito, ficando só com a mentira inicial repetida centenas de vezes até virar verdade, uma técnica posta em prática pelo responsável pelo departamento de propaganda do III Reich nazista, Joseph Goebbels.
Marisa Letícia Lula da Silva, que além de guerreira que combateu o bom combate e muito sensível não se conformava ao ligar a televisão e constatar como a técnica de Goebbels era executada.
O resultado dessa patifaria das organizações Globo, que engloba também jornais e revistas, e demais mídias comerciais conservadoras acabaram afetando a saúde de Marisa Letícia, mas agora essa mesma mídia noticia o ocorrido como se não tivesse nenhum tipo de culpa, embora um dos médicos, o Dr. Khalil, tenha garantido que um estado de estresse contribuiu para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que acometeu a ex-primeira dama.
Na verdade, não se pode deixar de mencionar, as inúmeras formas de violências contidas na narrativa citada que afetaram a saúde dessa mulher, guerreira, oriunda de estratos sociais que sempre dependeram do trabalho - elo coercitivo que liga aptidão à exploração - engendrado em meio a disciplina dos trabalhadores e aos caprichos dos patrões.
Marisa Letícia começou cedo a trabalhar, por isso se tornou uma mulher mais sensível, conhecedora dessas nuances sociais. Foi babá e ficou viúva por ter o primeiro marido, um trabalhador motorista de táxi, assassinado em um assalto.
Conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo antes dele se eleger pela primeira vez presidente da representação dos trabalhadores.
Lula, que também ficou viúvo depois que a sua primeira mulher morreu por falta de assistência médica em um parto, encontrou em Marisa Letícia há 42 anos uma companheira que sempre esteve ao seu lado na alegria e na tristeza enfrentando nos últimos tempos a máquina da mentira da oligarquia contra alguém que em sua vida pública defendeu os trabalhadores.
A máquina de guerra midiática, sofisticada, mas extremamente violenta, chegou ao cúmulo de repetir seguidamente mentiras acusando também Marisa Letícia até de adquirir pedalinhos para os netos e assim sucessivamente.
Hoje assistimos com muita tristeza o que aconteceu com Marisa Letícia, vítima de preconceitos da pior espécie produzidos pela manipulação da informação, na verdade contra um projeto que foi levado adiante por um Presidente da República como Luis Inácio Lula da Silva, que por 42 anos teve ao seu lado uma combatente em todas as horas.
Uma guerreira, de muita sensibilidade e que sempre primou pela honestidade, que era colocada em dúvida pela manipulação da informação e satanização, acabou não resistindo. Mas a história jamais a esquecerá.
E um Lula reconhecido internacionalmente, como o fez o ex-premier Gordon Brown em mensagem ao ex-presidente, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. Eis a mensagem:
"Meu querido amigo Lula
Seus muitos amigos pelo mundo te querem muito bem e estão irritados com a forma injusta como você e sua família têm sido tratados.
Lamento saber que sua mulher está tão mal. Isso deixa a mim e a Sarah muito tristes e eu quero dizer a você e a sua família que nossos pensamentos estão com vocês neste momento dificílimo.
Nós nunca esqueceremos o enorme bem que você fez e sempre lembraremos das mudanças incríveis que você trouxe para benefício do povo brasileiro.
Meus melhores votos.
Gordon".
*Mário Augusto Jakobskind, Jornalista e Escritor, Coordenador de História do IDEA, Universidade Federal Fluminense. **André Moreau, Jornalista e Diretor do IDEA, Canal Universitário de Niterói, Unitevê, UFF/Fonte: blog Jornal da ABI.