Por MAURO RAMOS -
De 7º homem mais rico do mundo a presidiário numa cadeia comum do Rio Janeiro. Essa é a trajetória de Eike Batista. O empresário é a mais clara demonstração de que o crime não compensa. Após zombar da população e desafiar as autoridades ao construir um império tendo como base ações, agora consideradas criminosas e ilegais, Eike agora está atrás das grades. E ele não é o único. Outros poderosos também estão sentindo o peso da lei. São os casos do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, o empresário Marcelo Odebrecht e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
A Operação Lava Jato não tem perdoado ninguém, não importa o cargo ou a conta bancária. É assim que tem de ser e não pode mudar. O combate às corrupção precisa continuar sem tréguas aos criminosos.
Eike Batista teria repassado US$ 16,5 milhões (mais de R$ 50 milhões) para Sérgio Cabral por meio dos irmãos-doleiros Marcelo e Renato Chebar. Após desfrutar uma vida de luxo e riqueza, agora Eike está numa cela de 15 m² na Cadeia Pública em Bangu. É obrigado a dormir na parte de cima de uma beliche e dividir o espaço com Álvaro José Galliez Novis, peça-chave no esquema de lavagem de dinheiro da quadrilha, e Wagner Jordão Garcia, operador financeiro da quadrilha. Os dois também foram presos na operação da Lava Jato. Ao invés de baquete, no almoço são servidos ao trio arroz, feijão, salsicha e farofa.
Considerado foragido desde quinta-feira (26), Eike resolveu viajar de Nova York para o Rio e se entregar à Justiça na segunda-feira (30). Sempre vaidoso e egocêntrico, Eike agora está com a cabeça raspada, e veste calça jeans, camiseta branca e chinelos. Como não tem o Ensino Superior completo, está em um presídio comum.
O curioso é que Eike, no auge da fama, quando tinha dinheiro de sobra, patrocinou o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio, as famosas UPPs, e agora virou alvo da ira dos bandidos da facção Comando Vermelho. Por isso, foi logo transferido do presídio Ary Franco, onde estão detidos integrantes da facção, para Bangu.
A prisão de pessoas poderosas como Eike Batista contribui para acabar com a sensação de impunidade que parece fazer parte do DNA do brasileiro. Ninguém pode achar que vai cometer algum crime e que jamais será preso. Muito pelo contrário. A lei vale para todos, seja rico ou pobre. Não importa a classe social ou cor da pele.
É essencial para o desenvolvimento de um país que todo e qualquer malfeito seja punido com rigor. Só assim o dinheiro que deveria ser investido em Saúde e Educação, por exemplo, não vai para o bolso dos corruptos. Que a prisão de Eike sirva de exemplo. Já passou da hora de dar um basta na corrupção. O Brasil precisa se livrar desse tipo de gente e das amarras que travam o crescimento do País.
OBS: Esse texto é a 'Nossa Opinião', que foi publicado na edição dessa quinta-feira, dia 2, no jornal Ipiranga News. Justifico a interrogação do titulo porque no Brasil tudo é possível. Ninguém duvide se Eike deixar a prisão logo logo.
* Mauro Ramos, jornalista.