7.1.17

PREFEITOS DE SÃO PAULO E RIO JOGAM PARA A PLATEIA

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -


Dois prefeitos das duas mais importantes cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, começaram suas gestões jogando para a platéia, João Dória vestiu-se de gari para ganhar manchetes e mobilizar os telejornalões. Isso depois de tomar posse no Teatro Municipal da capital paulista produzindo também um espetáculo midiático em uma tentativa de iludir os incautos que se deixam levar por shows mais próximos do ridículo do que outra coisa.

Mas por via das dúvidas, antes de vestir-se de gari Dória mandou limpar o local onde apareceu para a imprensa.

Dória ao que tudo indica ainda pensa que pode agir como prefeito como se fosse apresentador de um programa de televisão. Crivella, que se apresenta como pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus parece que ainda não se descolou da função que exerceu ao longo da vida.

O Prefeito carioca Marcelo Crivella, no mesmo espírito de Dória foi doar sangue em companhia de alguns secretários. Isso depois de anunciar um possível aumento do IPTU, algo que tinha inventado durante a campanha eleitoral como sendo proposta do adversário Marcelo Freixo. A mentira do pastor da Igreja Universal do Reino de Deus teve por objetivo criticar a proposta atribuída mentirosamente ao adversário. Vinte quatro horas depois de tomar posse, Crivela aparece com a mentira que sofreu pesadas críticas dele mesmo.

Podem estar certos de uma coisa, Dória e Crivella vão administrar as duas cidades sempre chamando a atenção para conseguir cobertura midiática, sendo que o prefeito carioca já anunciou que pretende combater os camelôs através do coronel Pulo César Amendola, figura que se caracteriza por utilizar métodos violentos que aprendeu e levou adiante durante a ditadura empresarial militar, que colaborou com afinco.

Crivella em sua primeira aparição pública doando sangue no Hemorio, cujos estoques se encontravam positivamente, segundo os responsáveis pela coleta, deu declarações do gênero jogando para a platéia, como, por exemplo, que “espera conseguir melhorar o atendimento público de saúde através de parcerias público-privadas”. Ao mesmo tempo disse que a prefeitura pretende cobrar as dívidas dos planos de saúde que chegariam a cerca de R$ 500 milhões.

Resta aguardar o desenrolar dos acontecimentos para ver se cobrar dívidas dos planos de saúde com a Prefeitura e ao mesmo tempo fazer atendimento público na área de saúde através de parcerias público-privadas é compatível ou as declarações foram dadas apenas como parte do espetáculo midiático inicial do prefeito acostumado a promover acrobacias verbais como pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.

Mas erra que imagina que as declarações de Crivella se resumem ao que foi dito 24 horas depois de tomar posse. Ele já defendeu construir muros no Rio de Janeiro, como acontece na cidade de Jerusalém, cidade que visita constantemente e que lhe inspira. Em matéria de Israel, Crivella já se manifestou favorável aos ensinamentos da segurança daquele país. Ou seja, ele na prática demonstrou que quer seguir o caminho dos métodos repressivos de Israel contra os palestinos.

Resta saber se Crivella e Dória vão fazer o mesmo jogo que está realizando o governo golpista de Michel Temer com seu projeto que leva o Brasil para um beco sem saída através de ajustes fiscais que representam retrocessos que atingem em cheio conquistas sociais relevantes.

Não será de se estranhar se os dois executivos municipais com o correr do tempo mostrem ainda mais claramente a que vieram. Com poucas horas de gestão já estão a mostrar o que deverá vir por aí em matéria de retrocesso. O tempo dirá com melhor razão.

*Publicado no site Brasil Popular