REDAÇÃO -
O banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, operador do PSDB, confessou ter usado sua conta na Suíça para receber R$ 23 milhões da Odebrecht para a campanha presidencial de José Serra, em 2010, segundo reportagem do jornalista Flavio Ferreira.
Além disso, Coelho disse ter se valido da lei de repatriação de recursos para legalizar o dinheiro sujo – o que é considerado ilegal por advogados; atual chanceler do governo Michel Temer, Serra, disse que sua campanha foi financiada dentro da lei e ainda não pediu demissão; de acordo com a lei, partidos que recebem recursos eleitorais no exterior, podem ter seu registro cassado pela Justiça Eleitoral; ou seja: em tese, o PSDB pode desaparecer.
***
Eliana Calmon: “Delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação”
A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon comenta a repercussão de suas declarações ao jornalista Ricardo Boechat, da revista IstoÉ, de que “delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação”.
Calmon afirma que não quis insinuar que exista especificamente algum juiz corrupto em qualquer esfera do Poder Judiciário brasileiro, mas reiterou que acha “muito estranho” a construtora “quase nunca perder uma ação na Justiça” e “nunca ter sido suspeita em nenhuma das licitações” das várias que já venceu no Brasil.
“Nessa república louca que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente envolvidos nas questões da Odebrecht, de acordo com as delações no âmbito da Operação Lava Jato. Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente todas as ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à empresa? Será que o Judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar”, questiona a ministra em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia.
Eliana Calmon disse que não tem uma estimativa de quando nem como se dará o desfecho da Operação Lava Jato, cuja investigação começou sobre um esquema de corrupção que assolou a Petrobras por meio de pagamento de propina de empreiteiras a políticos. “O fim da Lava Jato é uma incógnita. Eu acho que ninguém esperava toda essa dimensão que a investigação ganhou. Acredito que a Odebrecht tenha ficado por último porque seria de fato o maior impacto com as delações de seus executivos”.
O ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht e os demais executivos que já depuseram na Lava Jato já delataram Michel Temer, o ex-presidente Lula, nove ministros e ex-ministros de Estado, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 deputados federais, três servidores, dois vereadores e um empresário. E como destaca Eliana Calmon, não há nenhuma denúncia contra nenhum membro do Poder Judiciário. De nenhuma esfera. “É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”, completa baiana. (informações Brasil247)