11.1.17

ENCARECIMENTO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO

Por ANDRÉ MOREAU -


As narrativas forjadas com meias verdades no lugar da interpretação dos fatos, com base na História, são ferramentas de divisão dos povos, visam modelar o bem e o mal, admitidos ao longo das nossas vidas.

Enquanto estudantes se organizam por manifestações contra o retrocesso das políticas públicas que vêm sendo promovidas pelo governo ilegítimo de Michel Temer, trabalhadores como professores, jornalistas, médicos e policiais civis, dentre outras categorias profissionais, fazem greve.

O governador Luiz Fernando Pezão, por sua vez, em detrimento dos valores do ser, faz mistério sobre o que vem negociando "em nome do povo": a transferência para a União, do controle da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), avaliada em R$ 7 bilhões.

O controle dos serviços de fornecimento de água e tratamento de esgoto, encarecidos com as privatizações, tornaram-se instrumento de dominação e submissão dos povos, em países vizinhos como o México e Chile, gerando miséria e contribuindo com a promoção da cultura do ódio.

O governador da cidade, um dia maravilhosa, talvez por influência das feridas abertas por seu antecessor junto a população, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-Rio), preso em Bangu, vem sangrando o carioca, embarcado na campanha da austeridade, narrativa promovida por editores de veículos de radiodifusão de massa que culpam o povo ou, os gastos com o social, pela crise.

A população fluminense não elegeu Pezão, para ser atingida em seus Direitos Humanos de poder controlar os serviços de abastecimento de água e esgoto. A entrega de tais serviços ao capital especulativo, visto os retrocessos ocorridos em operações similares, constitui crime de lesa pátria por atingir o povo que passará a pagar caro pelos serviços de abastecimento de água e de saneamento básico.

Pezão, ao que tudo indica, tenta se limpar, antes de deixar o governo do Rio, das questões que deveria responder no judiciário, praticadas contra os servidores e a população do Estado.

Suas pegadas revelam parte das nefastas ações em curso, levantam suspeitas da prática de crimes comuns, além dos de improbidade administrativa que levaram o Estado ao colapso.

O fracionamento dos salários, dos servidores e pensionistas da educação, saúde e segurança, paralelamente a manutenção das regalias com uso de aeronaves ao custo de um milhão e cem mil, por mês, colocaram o "modus operandis" de Pezão em flagrante.

A insatisfação não para de crescer

Ao anunciar que cortaria na própria carne (que diminuiria seu salário), Pezão mentiu, para ter o apoio dos deputados na Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ), premeditando que assim teria menos dificuldades, para aprovar o pacotes de maldades. E em meio a tortura de milhares de servidores, inclusive os atingidos por disparos vindos da Igreja de São José, longe dos holofotes, Pezão abandonou a ideia de reduzir o próprio salário e renovou contrato com empresa de táxi aéreo.

Em suas gastanças do nosso dinheiro, dos cofres públicos, só em 2016, Pezão consumiu mais de cinco milhões, com cinqüenta e quatro saídas, sendo dezoito delas, a passeio, rumo a cidade natal, Pirai. Trinta e seis sobrevoando pequenos trajetos que poderiam ter sido feitos, utilizando meios de transporte menos onerosos.

Para não ter que "cortar na própria carne", agora Pezão planeja junto a União, a entrega de empresas públicas de capital estratégico, como a CEDAE.

Pobre pezão, incapaz de ver que além de fazer mal a ele mesmo, ameaça mais ainda o bem estar de quem confiava nele, seus eleitores!

Os mais pobres é que pagam a conta

A denúncia dos internos do Complexo Penitenciário de Gericinó (Compage), em Bangu, no Rio, que bebem água suja, fez o telefone vermelho do Ministério Público do Rio, tocar mais uma vez. Pezão deverá ter que explicar aos procuradores do MP-RJ que acompanham a deficiência no abastecimento de água no Compage, zona oeste da cidade do Rio, quais os motivos da deficiência de abastecimento, se segundo técnicos da CEDAE o problema decorre do aumento do consumo de água na região, ampliado, naturalmente, devido à superlotação do sistema carcerário. Pezão não sabia que o consumo previsto para o Instituto Penal Plácido de Sá, visava atender mil seiscentos e noventa e nove internos, no entanto, existem cerca de três mil e quinhentas pessoas presas naquela unidade.

Carros-pipa foram enviados na tentativa de conter o clima de revolta. Técnicos da CEDAE se prontificaram a colocar em funcionamento, ainda nessa semana, outra rede visando reforçar o abastecimento.

O que sobrou da esquadra de Cabral vai afundar com ou, sem Pezão

A dez meses organizações de ressocialização, reforço em atividades de ensino e por acessibilidade de pessoas com deficiência, se encontram em estado de falência, sem receber um tostão do Estado.

O que devemos procurar entender, também, é por que as verbas e os bens materiais confiscados nas ações da Polícia Federal como a Operação Calicute, ainda não foram destinados a reparar as perdas que vem atingindo funcionários públicos do Rio?

É assim que o País vem sendo depredado, com a narrativa dos oligarcas que detém os veículos de radiodifusão de massa, em detrimento da interpretação dos fatos que farão parte da História.

Segundo Peter Brabeck-Letmathe, presidente do grupo Nestlé, a água deveria ser privatizada e tratada como um produto alimentício qualquer

A trama da privatização da CEDAE vem sendo promovida pela mídia conservadora que não está nem ai para o público ou, para o nosso capital estratégico, que só se interessa em ter mais capital, mesmo que oriundo da depredação do que é público, já que o público atende mais aos pobres.

O governador do Rio, diz que só vê como saída para pagar os servidores do Estado, negociar a CEDAE junto ao "Cronograma de recuperação fiscal", ou seja, inserí-la na lista de empresas a serem privatizadas, plano agora mantido em segredo, naturalmente em decorrência dos escândalos que envolvem os ministro José Serra, Moreira Franco, Eliseu Padilha, além de diretores da Coca-cola e ou, da Nestlé, maiores consumidores de água do País.

Os noticiários do jornalismo desonesto que ocultam verdades, por outro lado valorizam o pré-conceito do medo e o terror, enganando leitores e telespectadores, já começaram a fazer parte da nossa História.

*André Moreau, Professor e Jornalista, Diretor do IDEA – Unitevê (Canal Universitário de Niterói) e Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes Nas Artes/Fonte: blog Jornal da ABI.