ALCYR CAVALCANTI -
O Sistema Prisional no Brasil está falido e acompanha a falência do Estado Brasileiro. Há anos que acontecem matanças generalizadas nos presídios de Norte a Sul, de Leste a Oeste em nosso território. As prisões são depósitos de presos que vivem em condições sub humanas, à exceção dos chefões que tem as benesses que seu status (e dinheiro, muito dinheiro) permite. O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias de todo o mundo, e deve aumentar em progressão geométrica pelo modelo de sistema em que vivemos. Nossa democracia é débil, mal saiu do papel, existe dentro do atual governo interino-definitivo uma tendência ao desconhecimento dos mais elementares direitos de cada cidadão e à violação dos mais elementares direitos humanos, onde o infrator é considerado um não cidadão sem nenhum direito e nenhumas regras de procedimento.
As prisões desde os anos 70 na Ilha Grande, a "Mãe de Todos os Presídios" são escolas de aperfeiçoamento da criminalidade onde os presos saem verdadeiras maquinas do crime e são obrigados, em sua maioria, à pertencer à alguma rede criminal para viver em condições de não serem molestados. Poucos saem em condições de viver em sociedade, muitos por não possuir nenhuma habilidade de nenhum ofício, saem somente para praticar o crime, desta vez com mais conhecimento e proteção de sua rede criminal. A recente matança em presidio de Manaus é mais um capítulo totalmente previsível de um massacre anunciado que vai acontecer de tempos em tempos, apesar do presidente Michel Temer ter dito que foi "apenas um acidente macabro". Mais um erro de avaliação, mais uma "bola fora" do grupo de Brasília, onde estão mais perdidos do que cegos em meio a tiroteio.
A disputa pela rota de escoamento de cocaína que envolve bilhões de dólares através do Rio Solimões na fronteira entre Peru, Colômbia e Bolívia que era feita por pequenos grupos passou a ser alvo de disputa entre a Família do Norte-FDN e o Primeiro Comando da Capital que quer dominar todo o Brasil e países limítrofes. A FDN nasceu em 2006 quando dois criminosos recém saídos da prisão Gelson Carnaúba e Zé Roberto Compensa resolveram explorar o lucrativo comércio do narcotráfico. O PCC que tinha uma sociedade antiga com a facção mais antiga rompeu a aliança eventual com o Comando Vermelho, que tem sua sede no Rio de Janeiro que se aliou ao grupo FDN para explorar a rota milionária. O massacre já era esperado, principalmente pelo rompimento entre as duas redes criminais mais fortes, o CV e o PCC cuja gota d'água foi a execução de Jorge Rafaat Toumani em Pedro Juan Caballero no Paraguai que dominava a fronteira Brasil/Paraguai.