29.12.16

PRECARIZAÇÃO E DEMISSÃO EM MASSA DE TERCEIRIZADOS DA PETROBRÁS

Por MARCOS SANTOS - Via APN -

Há dois anos, aproximadamente, existia no sistema Petrobrás mais de 300 mil trabalhadores terceirizados. Atualmente esse número chega apenas à metade. Ou seja, 150 mil pessoas foram demitidas pelas empresas prestadoras de serviço à Petrobrás.


A companhia alega que essas demissões são fruto da crise financeira pela qual passa, e que isso a faz realizar ajustes a partir de contenções de despesas.

A nossa empresa sempre teve um caráter social, mas se transformou, com a questão da Operação Lava Jato, que atingiu muitos daqueles diretores que foram colocados na Petrobrás por indicações de padrinhos políticos nos últimos 30 anos. Agora sabemos o quanto a corrupção avançou e como esses políticos corruptos tomaram conta da empresa, e no final das contas quem está pagando o “pato” é a classe trabalhadora do país.

A Lei 8666/93 delimita como podem ser contratados alguns serviços de mão de obra para empresas estatais como as do sistema Petrobrás. Esses serviços em tese ficariam limitados a serviços de limpeza, vigilância e alimentação, mas na pratica não é isso que acontece quando vemos que esses serviços se estendem até as áreas de exploração e produção, que na verdade são áreas afins da empresa. Assim podemos constatar claramente como os gestores da Petrobrás burlam a lei e descumprem o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

Outro fato, que já é de conhecimento dos trabalhadores da Petrobrás, e das contratantes, é que muitas dessas empresas são de fachada.  Por que empresas de fachada? Porque muitas vezes essas empresas pertencem a políticos, e quando demitem os seus trabalhadores terceirizados não pagam as verbas indenizatórias trabalhistas. Na maioria das vezes suas sedes são em outros estados, fora da respectiva área em que os trabalhadores exercem suas funções o que dificulta a tramitação de processos na justiça do trabalho. Quando essa situação ocorre a Petrobrás se omite da questão, sendo conivente com a “sacanagem”, e aí esses trabalhadores acabam por recorrer ao nosso sindicato.

São situações que começam com terror psicológico, assédio moral e muito mais. Depois ocorrem demissões arbitrárias impostas até a alguns ‘cipeiros’ eleitos em empresas terceirizadas.

Atualmente se fala muito em crise na Petrobrás, mas essa crise não chega às diretorias e no corpo gerencial da companhia, pois esses gestores sempre recebem aumentos acima da inflação, e fazem de tudo para não perderem suas “boquinhas”. Alguns deles chegam a irem às assembleias do sindicato para assediar trabalhadores a votarem, por exemplo, na proposta da Petrobrás. Esses “capachos” vão a mando de diretores que sempre estiveram com o chicote na mão, como feitores da escravidão, para açoitar trabalhadores terceirizados.

Mas isso não pode calar o nosso sindicato que vai sempre apoiar esses trabalhadores para que tenham coragem ao enfrentarem esses canalhas. Vamos denunciar essas praticas covardes de quem está apenas de passagem na Petrobrás por mera indicação política, e somente apegados aos seus cargos comissionados.

É preciso dar um basta em tudo isso e tomar algumas medidas mais enérgicas e responsabilizar, tanto a Petrobrás, que se torna conivente, como essas “gateiras”, que usam a mão de obra desses trabalhadores terceirizados e depois os descartam como lixo.

O SINDIPETRO-RJ vai fazer denúncias ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Tribunal de Contas de União (TCU) e aos demais órgãos competentes. Caso não tenhamos resultados vamos realizar um “enterros simbólicos” na porta das unidades onde ficam instalados esses diretores e seus gerentes que são  verdadeiros  “paus mandados” da diretoria da Petrobrás.

*Marcos Santos (Marquinho) é coordenador da Secretaria de Trabalhadores Terceirizados do SINDIPETRO-RJ