ANDRÉ BARROS -
A maconha é realmente um caso de saúde pública, principalmente quando pensamos nas famílias e nos próprios pacientes que enxergam na erva uma fonte de saúde e bem-estar. Entenda como as eleições e a pressão dos próprios usuários pode ajudar em uma possível mudança no tratamento da cannabis medicinal no Brasil nas palavras do advogado e ativista, André Barros.
O debate sobre a maconha costuma ser colocado de forma pouco inteligente e binária, pois dificilmente se enxerga a amplitude do tema, alvo de tantos preconceitos arraigados. A discussão fica restrita a duas hipóteses: ou é caso de segurança, ou é de saúde pública. A maconha é criminalizada sob o falso argumento de tutelar a saúde pública. Enquanto isso, esse debate fica restrito ao fundamentalismo de que o usuário ou dependente de droga precisa sempre de tratamento. Esse seria ainda o alcance mais progressista, pois grande parte aproveita para jogar todo o seu preconceito e faz vista grossa diante do fato incontestável de que os traficantes são milionários e brancos.
Aproveitam-se de um populismo penal para defender a segurança pública e fazem da cidade um bangue-bangue ridículo, incensados pela mídia sensacionalista. Dividem a cidade em territórios distribuídos por gangues de varejistas, que não chegam nem aos pés da meia tonelada de cocaína do helicóptero… Essa guerra às drogas é uma fachada para esconder um sistema penal racista que praticamente só mata e prende jovens, negros e pobres.
A maconha é realmente uma questão de saúde pública, pois já está mais do que demonstrado que é um remédio fitoterápico. Mães e pais que nunca fumaram um baseado na vida lutam pela legalização da maconha para fins medicinais, por quê? É claro que a erva foi milagrosa para seus filhos que, antes do tratamento com a erva, eram acometidos de fortíssimas convulsões. A maconha cura crises epilépticas em crianças, isso é um fato mundial.
Tive a enorme alegria de receber o apoio do grande poeta e bailarino do grupo Dzi Croquettes, Bayard Tonelli. Com todo seu conhecimento e sensibilidade, o artista trouxe uma edificante reivindicação: o direito de pessoas da terceira idade de plantarem maconha em suas casas para combater o glaucoma, Parkinson, Alzheimer e outros transtornos. É fato indiscutível que a maconha é uma boa companheira da terceira idade. E o Estado não pode se meter na decisão do que pessoas com tanta experiência vão colocar para dentro de seu próprio corpo. É uma causa justa que vou levar ao debate na Câmara dos Vereadores da cidade, pois, mesmo sem poder legislar sobre o assunto, é um tema de interesse de pessoas de todas as idades. A maconha é um assunto urgente de saúde pública, já que é remédio para pessoas de todas as idades que merecem ter uma qualidade de vida melhor.
A garantia de poder usar maconha para fins medicinais é uma luta muito difícil e séria. Necessita de força política nos parlamentos das nossas cidades, estados e país. Por isso, me sinto muito honrado com o apoio que recebi de um grande médico à minha candidatura para vereador do Rio de Janeiro: Dr. Eduardo Faveret, neuropediatra, que vem defendendo e alertando nosso país sobre a importância de legalizar a maconha para fins medicinais. Demonstra que é um fitoterápico seguro no combate de uma lista enorme de doenças e transtornos. Alerta-nos também acerca do prejuízo decorrente da importação em dólar de um remédio caríssimo, dos Estados Unidos da América, para nossa balança comercial. Poderíamos facilmente produzir o remédio aqui no Rio de Janeiro, ao invés de importar, perdendo grandes divisas enviando dólares para fora do país. Um mercado de 5 bilhões de reais, registra o magnífico médico, que poderia gerar saúde, empregos e recursos para nosso país e nossa cidade. Disse também que é a ilegalidade que alimenta toda essa corrupção e violência.