CARLOS CHAGAS -
Domingo que vem, com exceção dos que vivem no Distrito Federal, o eleitorado estará votando para prefeito e vereador. Houve tempo em que as atenções se voltavam para os candidatos a prefeito das capitais dos estados, pois nelas despontavam lideranças capazes de nos anos seguintes virarem astros de primeira grandeza, disputando os governos estaduais e até a presidência da República.
Dessa vez, a safra é reduzida, para não dizer inexistente. Dos favoritos a ganhar no Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, entre outros, não se encontra um só em condições de ascensão. Claro que surpresas sempre acontecem, mas o conjunto não anima ninguém.
Começa pela falta de embasamento partidário. A ausência de programas e de ideologia nos postulantes às prefeituras mais importantes faz a eleição um deserto de homens e de ideias, diria Ruy Barbosa se estivesse por aqui. Entre veteranos e jovens, não se aponta quem possa despertar entusiasmo.
Claro que as capitais andam pela hora da morte em se tratando de recursos para empreender seu desenvolvimento. Só estão em situação de penúria um pouquinho superior aos respectivos estados.
Tome-se São Paulo. Nem Russomanno nem João Dória, muito menos Marta ou Haddad, este já se despedindo de um sofrível primeiro mandato, conseguirão levar os paulistanos a acreditar em dias melhores. No Rio, Crivella inspira bocejos. Em Belo Horizonte, assiste-se a uma disputa restrita aos atleticanos. E assim por diante.
Foi-se o tempo em que Jânio Quadros, Ademar de Barros, Carlos Lacerda, Negrão de Lima, Miguel Arraes, Leonel Brizola e outros faziam de suas capitais trampolins para Brasília.
É preciso atentar para o índice de abstenções, apesar de o voto ser obrigatório. Mesmo em se tratando dos que comparecerão às urnas, o sentimento parece de enfado, desesperança e descrença.