CARLOS CHAGAS -
O PT vive seus piores dias, menos por haver tornado públicas suas diferenças com Dilma Rousseff, mais porque foi para o espaço a proposta de antecipação das eleições presidenciais este ano. O partido perdeu a chance de retornar imediatamente ao poder, o que aconteceria se a candidatura do Lula emplacasse agora. Porque apesar do desgaste óbvio do ex-presidente, que até em réu se transformou, não adianta discutir com a notícia: candidato em eleições nacionais, o primeiro companheiro leva chance. Tanto faz se com eleições antecipadas ou em 2018.
Não é necessário ser partidário da candidatura do ex-torneiro-mecânico para reconhecer a evidência de sua pole-position. As elites fervem de raiva diante dessa previsão. Até porque o Lula cometeu uma série de desatinos, antes e em especial depois que deixou o palácio do Planalto. O primeiro foi ter escolhido Dilma Rousseff como sucessora. O segundo, de haver concordado com a reeleição de Madame, quando o lugar era dele. Junte-se a ampla relação de erros o tal apartamento triplex, o sítio de Atibaia e as incestuosas relações do ex-presidente com empreiteiros e governos africanos. Tudo isso é reconhecido e tira votos do Lula, mas, mesmo assim, sua posição na corrida sucessória é privilegiada. Não junto às elites, quer dizer, a classe média alta, o empresariado, a grande mídia, os banqueiros e sucedâneos. Eles tem motivos para abominar o fundador do PT, como também possuem interesses escusos para elogiar o atual modelo econômico e social de Michel Temer e de quem vier a ser lançado na disputa sucessória em nome dos privilégios do capital, contra as necessidades do trabalho. Na realidade, sustentam a volta ao regime de Fernando Henrique e tantos outros antes dele. Não querem o Lula por medo de que, com todos os seus defeitos, ele represente os excluídos e os trabalhadores, que são maioria.
Em suma, aceitando ou abominando esse diagnóstico, a realidade é essa, dela se beneficiando até o combalido PT. Tanto que o nome do Lula já começa a percorrer os meandros e desvãos das preliminares do eterno embate entre a minoria privilegiada e a maioria de novo excluída, mas que decide eleições. É isso aí, quer gostem ou não do Lula...