3.8.16

ILUSÃO

MIRANDA SÁ -

“Meu partido/ É um coração partido/ E as ilusões/ Estão todas perdidas”(Cazuza)


Lembro-me de um tcheco que conheci anos atrás ao visitar a Universidade de Leipzig; ele perseguia os latino-americanos que exaltavam a inteligência dos povos miscigenados e o futuro radioso dos nossos países, perguntando: “O que há de científico nisto? ”.

Assim ele obrigava a rapaziada a estudar as realidades nacionais para defender as teses patrióticas, e a mim, particularmente, me fez matutar sobre àqueles que defendem o direito de se iludir.

A interpretação de casos, circunstâncias e situações precisa ser feita com cuidado, por que a ilusão, conforme a interpretação científica, é a troca da aparência real por uma ideia falsa.

Ser iludido é ser enganado. É viver um engano, no mínimo, um capricho da imaginação sem fundamento na realidade. Quando se mergulha na fantasia, convive com a mentira e o dolo.

Um professor que transmite aos seus alunos uma ilusão, induz a crença de que não se pode encontrar em outro conceito que ela não explica, ofuscando a razão e negando a realidade. Aí que mora o perigo.

É o que temos visto no Brasil. A escola tem afastado os professores vocacionados por causa de baixas condições de trabalho e salários insatisfatórios, cedendo lugar a diletantes irresponsáveis, despreocupados com a qualidade de ensino e o futuro de uma geração.

Nos centros de ensino cheios de jovens ávidos por conquistar uma vida melhor através do estudo, se tornam um campo fértil para o descrédito dos valores cívicos, a insatisfação grevista e a pregação de ideologias superadas e/ou distorcidas. Desiludem-se pelo discurso fácil do extremismo.

Tal ideologia foge à proposição do filósofo francês Destutt de Tracy defendendo a adoção pela ciência da ideologia, como a “consciência originada das percepções sensoriais da conjuntura sócio-política que cerca o indivíduo”.

Cientificamente, a ideologia é o conjunto de ideias, crenças e doutrinas, próprias de uma sociedade, de certa época ou de determinada grupo social, formada pela relação do indivíduo com o meio em que vive.

Entretanto, (0lhem o tcheco aí), o que vemos é o caráter baseado nos princípios do amor ao próximo e da ordem social ferido de morte pela exposição de uma realidade dividida em classes, cor da pele, crenças religiosas e negativismo familiar ou nacional.

Essa ideologia distorcida cria um espírito de negação moral e institucional, “fabricando” pseudo-revolucionários e até terroristas servindo como massa de manobra aos partidos totalitários que arregimentam o inconformismo das classes médias e a degradação proletária.

A História ensina que as emoções criadas pela demagogia populista fatalmente descambam, pela ilusão, para o fascismo . E é o que os latino-americanos bem informados e conscientes denunciaram ao oportunismo dos pelegos de alguns países, e agora assistem à desconstrução do “socialismo bolivariano”.

No Brasil, a ilusão se desvaneceu e só falta jogar a última pá de terra na cova rasa do lulo-petismo, para enterrar a ilusão da ideologia capenga do PT que fala em golpe, mas propõe inconstitucionalmente novas eleições; e que vota num “golpista” para presidência da Câmara.

Esse quadro há de ter um fim, derrubado pelo povo nas ruas como fez no dia 31 de julho. A consciência patriótica exige o fim das mentiras, da fraude e da corrupção.