EUSÉBIO PINTO NETO -
A crise econômica
tem sido usada como bandeira política para retirar direitos conquistados a
duras penas pelo movimento sindical e neutralizar a sociedade. Mais uma vez, a
máquina do Estado passa como rolo compressor sobre o trabalhador para garantir
a gestão administrativa. A conta desse buraco negro, que suga todos os recursos
oriundos de impostos, não pode ser paga pela classe trabalhadora.
O corte de projetos
sociais, que garantem a subsistência de mais de 200 mil famílias, e o estudo
que prevê a redução de incentivos para a concessão do Bilhete Único, que atende
a mais de 4 milhões de trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro, não podem
passar desapercebidos. O movimento sindical, os dirigentes de entidades de
classes e os coordenadores sociais precisam reagir a esse ataque de direitos.
O pacote de medidas
do Governo do Estado do Rio de Janeiro publicado no Diário Oficial desta
quinta-feira(9) é um duro golpe contra os trabalhadores. Cargos administrativos
serão extintos, com a fusão de secretarias e a privatização de serviços
públicos. Sem falar na suspensão de concursos públicos por um ano, bem como a
proibição de nomeação de funcionários aprovados para ocupação de cargos
efetivos.
É como se de uma
hora para outra, todos os problemas fossem resolvidos com uma simples canetada.
Sabemos que no dia a dia as coisas não acontecem da forma como são denominadas
no papel. A realidade é bem diferente. Ao suspender o concurso público, o
Estado deixa de levar em consideração o déficit de pessoal provocado pelo
afastamento por doença, aposentadoria, licenças e etc.
A revisão de mais
de cem contratos de concessão de serviços públicos e a exploração do sistema de
água e esgoto na Baixada Fluminense, por meio de uma parceria público-privada
(PPP), chama a atenção para abertura do processo de privatização.
Como forma de
moralizar as contas públicas, o Estado coloca à venda dez imóveis e proíbe a
utilização de carros custeados pelo Governo do Rio. A opção não parece ser a
mais rentável, nem vai resolver o problema do Estado que tem mais de 16 milhões
de habitantes.
Essas medidas
paliativas têm como objetivo fazer o povo absorver, lentamente, os cortes
drásticos que ainda estão por vir. A população do Rio de Janeiro não é mingau
quente que se come pela beirada.
O movimento sindical precisa reagir a essa
covardia contra a sociedade, que furta os sonhos e impede o desenvolvimento. Se
calar, é dar ao Executivo um cheque em branco para ser usado nas próximas
eleições.
*Eusébio Pinto Neto, Presidente do
SINPOSPETRO-RJ.



