7.3.16

ENTRE O MEDO E A ESPERANÇA

Por EMIR SADER - Via Brasil 247 -

Há quem diga que o Brasil está dividido entre quem tem medo do Lula e que tem esperança nele. Pode ser exagerado, mas expressa certamente algo da realidade, do imaginário e das expectativas do pais.

Ele pode estar com fotos na primeira pagina dos jornais, revistas ou sites. Ou nem ser citado dias inteiros. Mas o seu espectro cruza toda a historia brasileira, há varias décadas. Desde que conseguiu, sob sua liderança, romper a espinha dorsal do “milagre “ da ditadura, o santo desse “milagre”: o arrocho salarial.

Mais tarde, candidato a presidente, deu o primeiro grande susto nas elites tradicionais, ao passar para o segundo turno contra o Collor. O fracasso deste de novo fez subir o temor, até que veio o alivio, com as vitorias do FHC.

Mas o fracasso também do FHC recolocou o medo e a esperança na ordem do dia. Nao adiantou o pânico que quis se criar – a debandada de empresários, o “risco Lula”, a disparada do dólar -, Lula ganhou e ai o espectro se fez carne. Alguem passou a presidir o pais colocando em pratica tudo o que as elites diziam que era impossível: crescimento com distribuição de renda e controle da inflação, recuperar o papel ativo do Estado, resgatar a auto estima dos brasileiros, projetar uma imagem altamente positiva do Brasil no mundo.

Era demais para a elite tradicional e seu arauto mais conotado: FHC. A grande maioria dos brasileiros, pobres no pais mais desigual do continente mais desigual do mundo, graças às politicas das elites tradicionais, passou a acreditar em si mesma e no pais, a sentir que seu destino não era sofrer desprovida de todos os direitos fundamentais. E encontrou um dirigente no qual confiar.

Desde então, a direita reserva toda sua artilharia contra o Lula. Não importa que o PT e o governo estejam fragilizados, que não haja nenhuma prova das acusações contra o Lula, o que importa para a direita é acumular suspeitas para tentar construir rejeições ao Lula. Ja terminaram com a reeleição – como ja tinham feito uma vez -, contra o Lula, diminuíram o tempo de campanha, pelo pânico do Lula falando para todo o pais.

Diante da crise atual e das dificuldades do governo supera-la – especialmente a economica, que afeta a grande maioria da população -, o medo e a esperança so’ aumentam. O medo, porque sabem que o Lula é o único dirigente politico com credibilidade, com apoio popular e que pode apresentar os resultados do seu governo, para poder construir um bloco de forças e um projeto de resgate democrático da crise. E a esperança, pela mesma razão, do lado de quem foi beneficiário, teve sua vida mudada pelo governo Lula e confia nele.

Por tudo isso, é muito medo de um lado e muita esperança do outro.